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Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE)

Opinião | Prioridades do nosso planejamento energético precisam ser revistas

Precisamos entender que nem o Brasil nem o mundo vão ter sucesso em realizar a transição energética sem os combustíveis fósseis

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Foto do author Adriano Pires

As prioridades do nosso planejamento energético precisam ser revistas à luz da necessidade de atingirmos uma política que traga sustentabilidade a nossa matriz energética sem renunciarmos à segurança e a acessibilidade a energia. Para isso, precisamos entender que nem o Brasil nem o mundo vão ter sucesso em realizar a transição energética sem os combustíveis fósseis. Ou seja, para uma transição de sucesso não bastam elétrons, temos de ter, também, moléculas.

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No Brasil, nos últimos anos, vivemos a onda da demonização dos combustíveis fósseis. Mas, também, da energia nuclear e até das hidrelétricas. Com isso, tivemos um crescimento desordenado, sem qualquer planejamento, das energias eólicas e solar que estão levando o setor elétrico a uma situação conhecida como o espiral da morte. Essa escolha já está trazendo muitos custos para o País e para a sociedade.

No caso da solar trouxe o modelo Robin Hood às avessas, em que o pobre subsidia as camadas de mais alta renda. O fato das energias eólicas e solar serem intermitentes dificultam cada vez mais a operação do sistema elétrico brasileiro e as tarifas ficam mais caras devido às novas linhas de transmissão que são construídas para escoar essa energia renovável.

As térmicas, que têm sido as responsáveis por evitar apagões, são demonizadas. Enquanto isso, não conseguimos nem terminar Angra 3 nem construir novas hidrelétricas. Ficamos cada vez mais reféns da natureza, sem segurança energética e tendo uma energia cara.

Tarifas ficam mais caras devido às novas linhas de transmissão construídas para escoar energia renovável Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Precisamos com urgência reverter essa política promovendo uma maior participação na nossa matriz elétrica das térmicas por meio de leilões de capacidade, terminar Angra 3, elaborarmos um novo programa nuclear e voltarmos a construir hidrelétricas como, por exemplo, Tapajós.

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Com tanta diversidade de energia primária, o Brasil possui uma enorme vantagem comparativa para que tenhamos uma matriz elétrica que atenda aos requisitos da sustentabilidade, da segurança e da acessibilidade. No setor do petróleo e do gás natural, precisamos de uma política que não abra mão dessas riquezas, cedendo ao discurso xiita e ideológico de determinados grupos de ambientalistas. Um exemplo é a discussão surreal e sem eira nem beira se vamos ou não explorar a Margem Equatorial.

Faz sentido deixarmos embaixo da terra uma riqueza que poderá levar desenvolvimento socioeconômico para o Arco Norte do Brasil que é a região mais pobre do País? Vamos voltar a ter um país importador de petróleo? Precisamos com urgência ter uma discussão racional e sem ideologias sobre a Margem Equatorial, sob pena de cometermos um crime sem tamanho contra as gerações futuras de brasileiros.

E o crime, ao contrário do que os ambientalistas propagam, será o de não explorar a Margem Equatorial. No gás, precisamos de políticas que incentivem mais concorrência, trazendo mais fornecedores da molécula e novas infraestruturas. Caso contrário, o gás nunca será no Brasil a energia da transição energética.

Opinião por Adriano Pires

Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE)

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