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Pressionado por ONG, dono do Pão de Açúcar diz que luta contra o desmatamento no Brasil há anos

Uma das mais importantes associações ambientalistas da Europa, a Envolv Vert considera o conglomerado varejista francês Casino corresponsável pela destruição da floresta no Brasil e na Colômbia; companhia afirma ter política de controle de origem da carne bovina que compra

Foto do author Célia Froufe
Por Célia Froufe (Broadcast) e correspondente

LONDRES - Um dia depois de uma das mais importantes associações ambientalistas europeias, a francesa Envolv Vert, ter considerado o conglomerado de varejo Casino corresponsável por parte da destruição da floresta no Brasil e na Colômbia, o grupo publicou um manifesto sobre o combate ao desmatamento associado à pecuária na América Latina.

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No RapportBoeuf (Relatório da Carne) mais recente da ONG, há a indicação de que as marcas do Grupo Pão de Açúcar (GPA), controlado pelo Casino, poderiam ser responsáveis por vender carne de boi de origem duvidosa. O relatório citou o fornecimento pelos frigoríficos JBS, Marfrig e Minerva por meio de fazendas acusadas de desmatamento no Pará, Mato Grosso e Rondônia.

“Para preservar a biodiversidade, proteger as populações locais e combater as mudanças climáticas, o Grupo Casino está comprometido com o combate ao desmatamento associado à criação de gado no Brasil e na Colômbia, levando em consideração a complexidade das cadeias de suprimentos”, disse a companhia em comunicado.

A empresa afirmou que, por meio de suas filiais na América Latina, luta ativamente contra o desmatamento “há muitos anos”. “Nossa filial brasileira GPA implementa uma política consistente e rigorosa para o controle da origem da carne bovina entregue por seus fornecedores. A política de compra responsável do GPA de carne bovina depende de um processo de listagem e controle rigoroso dos fornecedores de carne bovina.”

O Brasil tem sido pressionado por empresas e investidores a conter o desmatamento. Foto: Gabriela Biló/Estadão - 27/8/2019

Esse processo, de acordo com o Casino, visa a identificar a origem direta e garantir o cumprimento de alguns critérios socioambientais. No caso da criação de gado, ela não pode estar ligada ao desmatamento do bioma amazônico. No da agricultura, não pode estar de forma alguma ligada ao trabalho forçado ou ao trabalho infantil, sujeita a restrições do Ministério do Meio Ambiente por causa de violações ambientais nem estar ligada à invasão de terras indígenas ou de terras protegidas. “Essa política é aplicável a todos os nossos fornecedores brasileiros de carne fresca e congelada entregues em nossas lojas no Brasil e provenientes da Amazônia Legal”, diz o comunicado.

O grupo francês afirmou ainda que os critérios socioambientais em que se baseia para fazer as compras consideram também a adoção de processos de rastreabilidade e transparência e de monitoramento geográfico. Segundo a empresa, fornecedores que não estiverem em conformidade com essas políticas poderão ter seu contrato suspenso até que cumpram e possam provar que podem aplicar a política com precisão. “Se qualquer problema de conformidade for observado durante o processo de monitoramento, a fazenda será banida e não poderá vender seus produtos ao GPA”, informou a companhia, acrescentando que desde a implementação da política no fim do ano passado, 23 fornecedores já foram excluídos. Fazendas que fornecem produtos de forma indireta, de acordo com o grupo, também estão no foco por meio de um projeto que está em fase experimental.

O Casino salientou que faz parte de um grupo de trabalho sobre provedores indiretos, uma plataforma de intercâmbio sobre os desafios colocados pela cadeia indireta de criação de gado; um processo de monitoramento anual dos compromissos do pacto nacional em favor da erradicação do trabalho forçado, assinado pelo GPA em 2005, e do G6, um grupo de trabalho que reúne os principais distribuidores e fornecedores de carne bovina, a fim de melhorar o monitoramento da cadeia de suprimentos.

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