A história é sempre um tema difícil de se conhecer a fundo. Não existem muitos fatos históricos que sejam aceitos por todos. O esquecimento sempre esconde algo importante que as pessoas descobrem mais tarde. Isso, mais cedo ou mais tarde, leva à reinterpretação e o resultado é um futuro mais complicado.
Atualmente, quase todos os países estão enfrentando grandes desafios. As mudanças climáticas, por si só, têm surgido como uma força que influencia as escolhas e exige aos poucos novas decisões e prazos que vão além do alcance dos acordos internacionais. Isso é um fator central, onde o aparente acordo logo dá lugar à falta de consenso nacional.
Ou, para simplificar, pense nos problemas populacionais graves que começam a aparecer em vários países. O aumento das rendas e dos avanços científicos permitiram maiores expectativas de vida, que exigiram um gasto maior com aposentadorias. Essas questões não podem ser resolvidas apenas pelos mercados. O compromisso padrão com a livre-iniciativa não funciona mais. As migrações populacionais se tornaram um problema internacional.
Uma consequência política interessante disso são os líderes políticos mais velhos. De tempos em tempos, suas memórias têm dificuldades para lembrar dos presentes de colegas internacionais ou, talvez, ter ajudado parentes ou outras pessoas quando conveniente. Às vezes, a consequência é aceitar soluções de curto prazo – como aconteceu em muitos países durante a crise de covid-19. Contudo, o longo prazo torna-se irrelevante para as decisões econômicas imediatas.
Os jovens continuam interessados em quase todos os lugares, mas não convencidos. Os conflitos internos tornaram-se mais generalizados e preocupantes. A educação perdeu muitos de seus apoiadores e os sistemas nacionais e estaduais estão menos preparados para atender às necessidades. As instituições particulares internacionais se transformaram na nova fonte de transferência de saberes. Elas parecem gerar empregos locais, mas não muito conhecimento. Ao mesmo tempo, para aqueles que se qualificam, o acesso às soluções por meio da inteligência artificial está se expandindo rapidamente. É provável que o futuro seja muito mais óbvio e contribua para que as distribuições de renda se tornem ainda mais desiguais conforme o capital aumenta em relação ao trabalho.
Por isso, o ministro da Fazenda do Brasil e a secretária do Tesouro dos Estados Unidos têm, cada um, grandes responsabilidades pela frente. Cada um deve divergir um pouco de suas estratégias atuais.
No caso do Brasil, a questão central deve ser a disposição de incentivar o investimento privado. A expansão pública de capital para projetos por meio do novo PAC não será suficiente. O Brasil precisa de muito mais dinheiro da iniciativa privada. Conseguir isso será mais fácil quando Haddad desistir do mito das novas regras para expandir tanto o investimento público como as despesas dos consumidores. O Partido dos Trabalhadores (PT) precisa aceitar uma taxa de crescimento menor em 2024, esquecer os subsídios maiores e focar no investimento privado.
No caso dos EUA, Janet Yellen deve permitir que o comércio exterior continue a crescer. As importações de fontes diversas na América Latina, Ásia e Europa são úteis. Isso não se traduz em comércio mais limitado, mas, sim, em déficits comerciais menores, porque as exportações tecnológicas avançadas garantem sua aceitação. O Federal Reserve assegurará uma nova redução nas taxas de juros americanas com o tempo.
Bolsonaro e Trump estão fora do poder. Infelizmente, ainda existem provas negativas demais sobre o impacto deles durante a crise da covid-19. Um número enorme de pessoas perdeu a vida enquanto ambos não agiam de forma responsável ao longo de meses de apelos. Cada um estava preocupado apenas com a sua própria saúde e imagem pública.
Mas seus partidos políticos continuam. Bolsonaro já não tem mais chance de voltar a concorrer a tempo da próxima eleição. A situação jurídica dele piora a cada dia. Trump tem graves julgamentos estaduais e federais pela frente. A rota de fuga dele está bloqueada.
Agora, a pergunta que não quer calar é a saúde de Biden.