Dos 10 itens que mais exportamos aos EUA, 4 têm alíquota zero, diz Alckmin: ‘Brasil não é problema’

Vice presidente e ministro da Indústria e Comércio repete que intenção do governo é diálogo com autoridades norte-americanas

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Atualização:

BRASÍLIA – O vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, relativizou o indicativo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que irá aplicar tarifas recíprocas para parceiros comerciais dos EUA – citando como exemplo o etanol brasileiro.

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“É natural governo dos EUA querer avaliar seu comércio exterior”, disse Alckmin a jornalistas na sede do ministério. “O Brasil não é problema comercial dos Estados Unidos. A balança comercial nossa é equilibrada, com um pequeno superávit de US$ 200 milhões no caso de bens. Nós não somos problema comercial”, diz.

Alckmin afirmou que, dos dez produtos mais exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, quatro têm tarifa zero. Por outro lado, oito dos dez produtos que os EUA mais vendem para o País não pagam taxa, segundo o vice-presidente.

09-12-2024 Vice Presidente da República Geraldo Alckmin durante a Entrega do Prêmio ApexBrasil | Exame: Melhores dos Negócios Internacionais em São Paulo. Foto : Cadu Gomes/VPR Foto: Cadu Gomes/VPR

De acordo com informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a lista dos dez itens mais exportados inclui, por exemplo, óleos brutos de petróleo, semimanufaturados de ferro ou aço não ligado, café, gasolinas e carnes desossadas. Já a relação dos importados tem, entre outros, gás natural liquefeito, óleos lubrificantes sem aditivos, partes de turborreatores e naftas para petroquímica (veja lista completa abaixo).

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Ele reforçou que o memorando que indicou novas tarifas não é especificamente sobre o Brasil, mas seria um documento mais “genérico” – nessa lógica, não haveria uma discriminação contra o País.

Questionado sobre o etanol, citado especificamente pela Casa Branca no memorando desta quinta, o vice-presidente afirmou: “É importante ressaltar que o etanol no Brasil é de cana de açúcar. Então, ele descarboniza mais, ele tem um terço a menos de pegada de carbono. E, quando a gente analisa o açúcar, ele tem uma cota. E quando sai da cota, é 90% o imposto de importação para entrar nos EUA; não é 18%, é 90%.”

Alckmin também disse que reciprocidade não é taxa igual para os dois lados. Nesse raciocínio, pode haver variações de acordo com os produtos que os países desejam comercializar. “A intenção do governo brasileiro é o diálogo com as autoridades dos Estados Unidos”, reiterou o vice-presidente.

Na segunda-feira, Trump assinou um decreto que impõe tarifas de 25% sobre aço e alumínio importados pelos EUA. O Brasil é o segundo maior exportador de aço para o País

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Alckmin voltou a defender cotas de exportação para o aço em vez do aumento de tarifas. Segundo ele, não haveria negociações para cotas de outros produtos.

Não há motivos para temer, diz Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o melhor neste momento é “aguardar”, quando questionado sobre o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre imposição de tarifas de reciprocidade. Haddad afirmou que não há motivos para o Brasil temer e reiterou que a reciprocidade deve ser um princípio a ser “observado pelos dois países”.

Questionado se o fato de Trump não ter especificado um prazo para imposição das tarifas poderia sinalizar espaço para negociação, Haddad disse que “possivelmente sim”, mas reforçou que é necessário aguardar, já que não faz sentido complicar “o que está funcionando bem”. “A maneira como estão sendo anunciadas as medidas é um pouco confusa ainda. Então, nós temos que aguardar para ter uma ideia do que é concreto, do que é efetivo e levar em consideração”, disse.

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Haddad reforçou que não há motivos para o Brasil temer, já que a balança comercial entre ambos os países é superavitária para a economia norte-americana. “A balança é superavitária para os Estados Unidos, considerados bens e serviços. No caso de bens, ela é equilibrada, praticamente equilibrada. Então, não há muita razão nem para nós temermos, porque não há um parceiro que está importando muito do Brasil e exportando pouco. Ao contrário. Então, vamos com cautela avaliar o conjunto das medidas que vão ser anunciadas”, avaliou.

O ministro disse que, a partir do momento em que tiver um balanço sobre o que de fato os Estados Unidos irão fazer, o governo fará uma radiografia para considerar as medidas. Enquanto isso, segundo Haddad, a área econômica, sobretudo o MDIC, está fazendo um balanço das relações comerciais para que “a reciprocidade seja um princípio a ser observado pelos dois países”.