SÃO PAULO - Mesmo que por apenas alguns dias, aluguéis de temporada podem deixar lembranças por muito tempo na cabeça de locadores e locatários - e nem sempre agradáveis. Para evitar problemas, alguns cuidados de ambas as partes envolvidas são essenciais.
Em Serra Negra, a 142 quilômetros de São Paulo, o corretor Cícero Gonçalves dos Santos, da imobiliária local Cisne, diz já ter alugado às pressas uma casa a pessoas que chegaram à cidade e, enganadas, não encontraram o imóvel que locaram. "Não se pode fazer negócio baseado em qualquer anúncio. Há também muitos imóveis deteriorados. É importante procurar uma imobiliária credenciada", diz.
Apesar dos riscos, a locação informal - sem contrato e feita diretamente com os proprietários - ainda é bastante comum no Estado, principalmente por se apresentar como a opção mais barata para os proprietários. Os custos da contratação de uma imobiliária para aluguéis de temporada variam de 10% a 15% sobre o valor pago pelos inquilinos.
Dono de uma empresa de passeios em Santo Antônio do Pinhal e corretor local, Benedito Mariano dos Santos, da Mariano Turismo, recomenda que os interessados na locação de um imóvel para as férias busquem se cercar de informações antes de selar um acordo ou de dar algum sinal em dinheiro como reserva. "Eles poderiam falar com o proprietário, fazendo perguntas pelo telefone", exemplifica.
O aluguel intermediado por uma imobiliária tem como vantagem a maior segurança para as partes, mas nem todas as companhias estão aptas a prestar serviços de consultoria. O Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP) permite, em suas delegacias regionais no Estado e em seu site (www.crecisp.gov.br), a verificação das empresas e profissionais credenciados. Após a consulta do registro de corretagem, a entidade sugere que locadores e locatários busquem, sempre que possível, profissionais que confiem ou com quem tenham mantido contato prévio.
As imobiliárias de cidades onde a locação de curta duração é praticada realizam como prática o contato com os interessados por e-mail. De acordo com o proprietário da Imóveis em Campos do Jordão, Roberto Maurer, os interessados recebem uma série de fotos dos imóveis para aprovação e posterior confecção de um contrato aluguel. Lá e em outras empresas consultadas pela reportagem, a reserva só é concretizada após o pagamento de 50% do valor total do acordo. O restante é dado no momento em que as chaves são recebidas pelo inquilino. "Fazemos isso porque já recebemos muito calote", diz.
Há também vistoria nos imóveis, exatamente como ocorre na locação tradicional. "Tudo é verificado. Uma vistoria chega a ter 500 fotos", conta Maurer, que pede ainda um cheque-caução com o valor do contrato para cobrir os custos de eventuais danos durante a estadia dos visitantes, como avarias em camas ou em eletrodomésticos. A medida é adotada em outras imobiliárias, mas os porcentuais sobre o total do aluguel variam de acordo com cada empresa.
Em Ubatuba, no litoral norte, a Atlantis Imóveis exige, antes da assinatura dos contratos, que os possíveis locatários (ou pessoas indicados por eles) visitem os imóveis para aprovação. "Assim, as pessoas não podem dizer que a casa parece diferente do que aparentava nas fotos", diz o corretor Ubyratan Romero.
Locadores. As imobiliárias orientam os proprietários a evitar o acúmulo de objetos pequenos de decoração quando alugam suas casas de veraneio. "Digo o que é preciso para a locação: se o imóvel tem o teto forrado, se as condições elétricas estão boas, se a casa está pintada e a questão de limpeza e segurança. Alguns proprietários não têm muita noção disso", diz Benedito Mariano dos Santos.
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