BRASÍLIA - Os analistas do mercado financeiro reduziram, pela primeira vez, a estimativa de crescimento da economia brasileira para um patamar abaixo de 2% em 2020.
A projeção faz parte do boletim de mercado, conhecido como 'relatório Focus', divulgado nesta segunda-feira, 9, pelo Banco Central (BC). O dado foi levantado na semana passada com mais de 100 instituições financeiras.

De acordo com o boletim, o mercado financeiro baixou a previsão de crescimento para a economia brasileira em 2020, de 2,17% para 1,99%. Foi a quarta queda consecutiva do indicador. Há quatro semanas, a estimativa de alta era de 2,30%.
O Produto Interno Bruto (PIB) é a soma de todos os bens e serviços feitos no País, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.
A redução acontece após resultado do PIB do ano passado, que cresceu 1,1%, e durante os efeitos do surto do novo coronavírus na economia mundial.
Para o próximo ano, a previsão de crescimento do PIB permaneceu em 2,50%.
Inflação
Segundo o relatório divulgado pelo BC, os analistas do mercado financeiro elevaram a estimativa de inflação para 2020 de 3,19% para 3,20%. Com isso, interromperam nove quedas consecutivas do indicador.
A expectativa de inflação do mercado para este ano segue abaixo da meta central, de 4%. O intervalo de tolerância do sistema de metas varia de 2,5% a 5,5%.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic).
Para 2021, o mercado financeiro manteve a estimativa de inflação em 3,75%. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,75% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2,25% a 5,25%.
Juros básicos
Mesmo após a sinalização do Banco Central de um possível corte de juros neste mês, os economistas do mercado financeiro mantiveram suas projeções para a Selic no fim de 2020. Segundo o Focus, a mediana das previsões para a Selic neste ano permaneceu em 4,25% ao ano.
Entre as instituições que mais acertam projeções no médio prazo, denominadas Top 5, a estimativa para a Selic no fim de 2020 caiu de 4,25% para 3,50% ao ano.
No início de fevereiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC cortou a Selic em 0,25 ponto porcentual, de 4,50% para 4,25% ao ano. Foi o quinto corte consecutivo da taxa básica.
No comunicado sobre a decisão, o BC havia deixado claro que não pretendia promover novo corte no encontro marcado para março. “Considerando os efeitos defasados do ciclo de afrouxamento iniciado em julho de 2019, o Comitê vê como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária”, registrou o BC no comunicado da decisão.
No entanto, com as reações do mercado e de governos diante da propagação do coronavírus e seus possíveis impactos para a economia global, o Banco Central divulgou nota na última terça-feira enfatizando que “monitora atentamente os impactos do surto de coronavírus nas condições financeiras e na economia brasileira”.
Ainda de acordo com a autoridade monetária, “à luz dos eventos recentes, o impacto sobre a economia brasileira proveniente da desaceleração global tende a dominar uma eventual deterioração nos preços de ativos financeiros”. Na avaliação de agentes de mercado, a afirmação reabriria as portas para um novo corte de juros na reunião do Copom marcada para os dias 17 e 18 deste mês.