O apagão que atingiu 11 Estados do Norte e Nordeste no sábado só ocorreu porque houve um curto-circuito em reator de transmissão e o sistema de proteção da subestação de Imperatriz, no Maranhão, não identificou o problema e não o isolou. Por causa da falha, o sistema de retaguarda regional foi automaticamente acionado e desligou, em série, oito linhas de transmissão. A luz só foi restabelecida porque energia das Regiões Sudeste e Sul foi redirecionada aos locais afetados. Ainda assim, o Ministério de Minas e Energia concluiu que a ocorrência poderia ter sido "muito pior". De Nova York, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, convocou uma reunião extraordinária do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), conduzida pelo secretário executivo Márcio Zimmermann, em Brasília. Ainda sem conclusões definitivas, o governo reiterou que o problema foi controlado de forma rápida - o fornecimento de energia foi restaurado em menos de uma hora e 70% dos municípios afetados tiveram religamento da força em 30 minutos. O diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, atribuiu a solução à "robustez" do sistema interligado nacional. "O programa automático regional de alívio de carga funcionou rapidamente. Nessas circunstâncias, o corte seletivo faz com que você não tenha uma situação mais drástica", avaliou. "Uma vez que a falha ocorre, tomam-se medidas para evitar a propagação e um mal maior, e elas foram adequadas, evitando desligamentos de maiores proporções." De acordo com o secretário de Energia Elétrica do ministério, Ildo Grüdtner, o equipamento que teve o curto-circuito estava com manutenção em dia e será substituído. Ele comparou o caso à falha mecânica de um carro. "Mesmo com manutenção, existe a possibilidade de equipamentos falharem", afirmou. Ainda assim, as autoridades fizeram questão de destacar que a ocorrência "foi completamente diferente do apagão de 2011". Dessa vez, foram atingidos os Estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão, Tocantins e Pará. "Para um desligamento desse porte, as consequências poderiam ter sido piores. O impacto foi relativamente pequeno, comparado com a gravidade do evento", afirmou Chipp. No ano passado, apesar de menos Estados - todo o Nordeste, exceto Maranhão - terem sofrido interrupção no fornecimento de energia, a queda durou mais de quatro horas. Hoje, o ONS fará uma reunião com a Eletronorte e as distribuidoras dos Estados afetados para obter novos dados e apresentar mais informações. O relatório final será concluído em 20 dias pelo órgão e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).