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Apesar das críticas de Bolsonaro, Renda Brasil será ajustado segundo as determinações do presidente

Equipe de Guedes vê falta de gentileza nas palavras de Bolsonaro, mas colocou panos quentes na situação e vai revisar os gastos para bancar o programa, já que a extinção do abono salarial está fora de questão

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Atualização:

BRASÍLIA - Com a tarefa de entregar um novo desenho do programa Renda Brasil até a próxima sexta-feira, 28, a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, buscou colocar panos quentes nas duras críticas feitas na última quarta-feira, 26, pelo presidente Jair Bolsonaro à proposta inicial de reformulação dos gastos sociais. 

Guedes queria extinguir benefícios como o abono salarial para abrir caminho no Orçamento a um benefício de maior valor para a população mais carente, mas Bolsonaro avisou que não vai “tirar de pobres para dar a paupérrimos” e exigiu um novo plano.

Guedes tem sido pressionado por Bolsonaro para que verba do Renda Brasil não venha da extinção de outros programas sociais. Foto: Adriano Machado/Reuters

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Entre técnicos da área econômica, a ordem agora é focar nas alternativas de revisão de gastos para bancar o novo programa, que será a marca social do governo, sem alimentar os rumores de desembarque de Guedes que tomaram conta do mercado financeiro na última quarta após a fala do presidente e que precisaram ser desmentidos pela assessoria de imprensa do Ministério da Economia.

O ministro, segundo seus auxiliares, tocou normalmente a sua agenda mesmo depois da estocada pública de Bolsonaro. Mas, no mesmo dia dos boatos sobre sua saída, não deixou de brincar com um suposto “complô” para retirá-lo do cargo.

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Ao comentar que teria uma reunião com secretários estaduais de Fazenda seguida de uma reunião com prefeitos, Guedes riu e, de acordo com duas pessoas que acompanharam o encontro, disse: “Tem um complô pra me derrubar em Brasília”.

Auxiliares do ministro dizem que o barulho em torno das declarações de Bolsonaro na última quarta é “espuma” e que uma nova proposta será apresentada, ajustada às determinações do presidente.

Dentro da equipe, a percepção é que o presidente “não é o mais gentil com as palavras”, mas que o tempo será um aliado na discussão do desenho final do Renda Brasil. Na equipe econômica, a visão é que, sem mexer no abono salarial, não há tanto espaço para ampliar o valor do novo benefício, que substituirá o Bolsa Família. Uma ala já admite que não haverá como ampliar muito o alcance e o valor do programa, dada a necessidade de respeitar o teto de gastos, que limita o avanço das despesas à inflação.

O maior impasse é o fato de Bolsonaro querer o Renda Brasil para turbinar sua popularidade e pavimentar o caminho para sua reeleição em 2022, ao mesmo tempo em que rejeita qualquer ônus político de mexer em gastos sociais considerados ineficientes. O custo político do plano da Economia é considerado alto para quem quer ser popular.

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O temor na área econômica é que a discussão sobre o Renda Brasil se torne uma ameaça ao teto de gastos, que tem sido a âncora de confiança dos investidores num momento de forte elevação de despesas e um rombo histórico nas contas públicas.

Dentro do próprio governo, integrantes da Casa Civil, ministros e auxiliares diretos do presidente já reclamaram da "visão fiscalista” do Ministério da Economia e da falta de um contraponto econômico dentro do governo, como havia antes da criação do superministério sob a alçada de Guedes. 

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