Apesar da crise política, o secretário de Previdência, Marcelo Caetano, principal formulador da reforma previdenciária, acredita que a proposta de mudanças nas regras das aposentadorias volte a avançar no Congresso após a votação, pela Câmara, da denúncia por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer. O plano da equipe econômica de aprovação da matéria no primeiro semestre foi frustrado, mas Caetano diz ter confiança na votação do texto aprovado pela comissão especial da Câmara na volta, em agosto, do recesso parlamentar.
Caetano concedeu entrevista ao Broadcast logo após participar de uma reunião com produtores agrícolas na sede, em São Paulo, da Sociedade Rural Brasileira (SRB), onde fez mais uma apresentação da reforma. Para o secretário, a aprovação da reforma trabalhista na terça-feira, a despeito da instabilidade na política, mostra que há consciência dos parlamentares quanto à necessidade da implementação de medidas estruturais no País, o que aumenta sua confiança na aprovação das novas regras das aposentadorias. Leia abaixo a entrevista do secretário.
Marmita, apagão, bate-boca e Aécio; veja os bastidores da votação da reforma trabalhista
1 / 13Marmita, apagão, bate-boca e Aécio; veja os bastidores da votação da reforma trabalhista
Placar
Reforma trabalhista foiaprovada no plenário do Senado por 50 votos favoráveis e 26 contrários. Houve 1 abstenção em um quórum de 77 senadores. Agora, ... Foto: Dida Sampaio/Estadão Mais
Senadoras ocupam mesa diretora
A sessão plenária, que teve início às 11h, foi marcada portumultos e bate-bocas entre os parlamentares. Por volta das 12h30, as senadoras da oposição ... Foto: André Dusek/Estadão Mais
Apagão
Em reação, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMBD-CE) apagou todas as luzes do plenário e suspendeu a sessão por mais de seis horas Foto: Joedson Alves/EFE
Marmita
Senadoras resistiram e comeram suas marmitasno escuro Foto: André Dusek/Estadão
Senadoras protestam
Elas conversaram egravaram vídeos para as redes sociais. Na foto, senadorJoão Alberto tenta, sem sucesso, abrir a sessão e bate boca com as senadoras Foto: André Dusek/Estadão
Bate-boca
O líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), acusou a presidência da Casa de estar arrumando o auditório Petrônio Portela para transferir a votação... Foto: Dida Sampaio/Estadão Mais
Presidente recupera sua cadeira
Presidente do Senado recuperou sua cadeira após mais de 7 horas de sessão suspensa devido ao protesto das senadoras de oposição Foto: André Dusek/Estadão
Senadoras protestam
As cinco senadoras continuaram ocupando a mesa diretora até o final da tarde Foto: André Dusek/Estadão
Senadores conversam
Relator do projeto, Romero Jucá (PMDB-RR),conversa comEunício Foto: Dida Sampaio/Estadão
Presidente do Senado
Apesar do estresse no início, presidente do Senado, Eunicio Oliveira, apressou a votação Foto: Dida Sampaio/Estadão
Aécio no Senado
SenadorAecio Neves, presidente licenciado do PSDB também esteve presenteno Plenario do Senado durante votacão da proposta.Aéciorecentemente recuperou ... Foto: Dida Sampaio/Estadão Mais
Protestos
Tumulto não ficou só no Plenário, manifestantes também protestaramem Brasília contra as mudanças na CLT Foto: Joedson Alves/EFE
Michel Temer durante pronunciamento após vitória
A aprovação da reforma trabalhista é umagrande vitória política do governo Michel Temerque precisa dar mostras de força política em meio às acusações ... Foto: André Dusek/Estadão Mais
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O senhor acredita que a reforma da Previdência volta a evoluir após a votação na Câmara da denúncia contra o presidente Michel Temer? Acredito que sim. A reforma tem que evoluir porque é uma questão de Estado, não é questão do governo Michel Temer. Claro que governos têm que ter coragem de propor reformas necessárias ao bem do País. Agora, a reforma é fundamental e independe de governo. É uma reforma de nação. Se não fizermos nada, haverá lá na frente dificuldade na sustentação do pagamento das aposentadorias e pensões.Diante da possibilidade de mais duas denúncias serem apresentadas contra o presidente Temer, o senhor não teme que a crise política paralise essa agenda ou mesmo torne a reforma inviável? Vivemos um ambiente democrático. O Executivo propõe medidas e existe soberania do Congresso tanto na velocidade de tramitação quanto no próprio conteúdo da reforma. Eu entendo que são coisas separadas. Existe uma questão de Ministério Público [que apresentou a denúncia contra Temer por corrupção passiva] e também existe a questão de reforma, que tem que ser vista como uma das reformas necessárias ao ajuste. Tivemos nesta semana a aprovação da reforma trabalhista no Senado. É uma reforma fundamental para o País que conseguiu ser aprovada num ambiente como o que existe hoje. Quer dizer, é possível [aprovar a reforma da Previdência].
A aprovação da reforma trabalhista dá, então, mais confiança na aprovação da reforma da Previdência? Dá mais confiança, sim. Mostra que existe uma consciência da necessidade de reformas para ajustar o País, para o País poder voltar a crescer, ter juros mais baixos e gerar mais empregos. É um sinal muito bom nesse sentido.Ainda é possível votar a reforma neste ano? Acredito que sim. Acredito na votação da reforma na volta do recesso [parlamentar]. Sempre lembrando que uma coisa são as minhas expectativas, outra coisa é reconhecer a total soberania do Congresso em relação ao tempo de tramitação.O governo está aberto a mais mudanças no texto que passou pela comissão especial da Câmara? Estamos trabalhando com o texto aprovado pela comissão especial. A intenção do governo é aprovar a reforma tal como foi proposta pela comissão especial. O Congresso tem soberania para fazer os ajustes, mas a posição do governo é que a proposta é a que foi aprovada pela comissão.
O que pode mudar no seu emprego com a reforma trabalhista
1 / 12O que pode mudar no seu emprego com a reforma trabalhista
GOVERNO APOSTA NA REFORMA PARA RETOMAR EMPREGOS
A reforma trabalhista é considerada pelo governo de Michel Temer uma das principais medidas para estimular novas contratações no mercado de trabalhoe ... Foto: Dida Sampaio/EstadãoMais
1.Contratos fixos, intermitentes e parciais
Como é hoje:Todos que prestam serviços fixos mediante salário são empregados; não há previsão para contrato intermitente. Quanto ao trabalho parcial, ... Foto: Sergio Castro/EstadãoMais
2. Jornada de trabalho
Como é hoje:Até 8 horas diárias e 44 horas semanaiscom uma hora de almoço /Proposta da reforma:Horário de trabalhonão muda, mas acordo pode criar jorn... Foto: PixabayMais
3. Troca de roupa e banheiro
Como é hoje:Não há menção /Proposta da reforma:Troca de roupa, higiene, alimentação e estudo não serão considerados horas extras. Foto: Pixabay
4. Transporte
Como é hoje:Transporte oferecido pela empresa pode ser considerado parte da jornada de trabalho /Proposta da reforma:Deslocamento não será considerado... Foto: Felipe Rau/EstadãoMais
6. Férias
Como é hoje:30 dias por ano /Proposta da reforma:30 dias por ano que podem ser divididos em até 3 períodos Foto: Pixabay
7. Contribuição sindical
Como é hoje:Um dia de trabalho obrigatório /Proposta da reforma:Não será obrigatória e será preciso autorização do empregado Foto: Amanda Perobelli/Estadão
8. Trabalho insalubre
Como é hoje:Grávidas e lactantes são automaticamente afastadas /Proposta da reforma:Será vedado o trabalho em local insalubre independenetemente do gr... Foto: AP Photo / Felipe DanaMais
9. Home office
Como é hoje:Não há previsão /Proposta da reforma:Regulamenta o trabalho em casa, e a empresa contratante será obrigada a oferecer a infraestrutura nec... Foto: PixabayMais
10. Multa por discriminação
Como é hoje:Não há previsão /Proposta da reforma:até 50% do benefício máximo do INSS por discriminação por sexo ou etnia. Foto: Pixabay
12. Demissão
Como é hoje:Homologação obrigatória no sindicato ou Ministério do Trabalho /Proposta da reforma:Homologação da rescisão deixa de ser obrigatória Foto:
14. Processo judicial e honorários da Justiça
Como é hoje:CLT não prevê punição por má-fé nos processos trabalhistase é praticamente inexistente a chance de o trabalhador arcar com os custos judic... Foto: PixabayMais
O texto que passou pela comissão reduz o impacto fiscal da reforma em quanto se comparado com a proposta original encaminhada pelo Executivo à Câmara? A economia prevista na reforma original era em torno de R$ 800 bilhões em dez anos. Com as alterações aprovadas, a expectativa de economia gira hoje em torno de R$ 600 bilhões nos próximos dez anos. Mantemos 75% da economia estimada. Os ajustes mantiveram o caráter distributivo da reforma. Eles foram no sentido de manter valor do benefício no salário mínimo, os aposentados especiais, o beneficio de prestação continuada, as aposentadorias rurais. As alterações não foram no sentido de beneficiar os grupos mais ricos.O governo estuda medidas compensatórias ao menor impacto da reforma? Existe a medida provisória de reoneração de folha [de pagamentos] que é para a revisão de renúncias previdenciárias. Quando ocorre algo é mais para revisar renúncias do que para criar ou aumentar um tributo existente. Do ponto de vista previdenciário, é a única coisa que temos em termos de medida provisória no Congresso.
O grupo de estudo da reforma tributária está discutindo uma mudança na tributação do lucro das empresas na qual toda a arrecadação seria destinada a previdência social. O senhor poderia falar sobre isso? Prefiro não fazer um comentário inapropriado porque não tenho conhecimento dela no detalhe.