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Arminio recompra Gávea do JP Morgan

De acordo com fontes, termos do negócio já foram acertados; com fatia de 77%, banco americano tinha o controle da gestora brasileira

A gestora de recursos Gávea Investimentos, do ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga, chegou a um acordo para recomprar a participação de 77% detida pelo banco americano JP Morgan Chase, depois de quatro anos e nove meses de sociedade. Segundo fontes próximas à gestora, os termos do negócio já foram acertados, falta apenas assinar a papelada. Com R$ 16,5 bilhões em ativos sob gestão e mais de 140 funcionários, no Rio e em São Paulo, o Gávea atua em três áreas: fundos de hedge, gestão de patrimônio e private equity (compra de participação em empresas). Segundo informações da Dow Jones Newswires, a gestora de Fraga manteria essas três atividades, que são o núcleo de seus negócios. Os fundos de ações e do setor imobiliário - criados após a venda para o JP Morgan - devem ficar com o banco americano.

Tanto Arminio Fraga, fundador da Gávea, quanto o JP Morgan estariam insatisfeitos com a sociedade Foto: Clayton de Souza/Estadão

O valor que o Gávea vai desembolsar pela fatia do banco ainda não está claro. O pagamento, no entanto, deve ser feito ao longo de dez anos, com o dinheiro que vai entrar futuramente no caixa da gestora. "Com certeza é um negócio excelente para Arminio Fraga", diz um fonte do setor, próxima do ex-presidente do Banco Central, que já trabalhou como gestor de fundos para o bilionário americano George Soros. Nos últimos meses, a sociedade deixou de fazer sentido para os dois lados. Com o avanço da crise econômica no Brasil, ficou difícil para o JP Morgan justificar o investimento no mercado brasileiro. Ao mesmo tempo, Fraga estava descontente com uma parceria que limitava a flexibilidade e a independência do Gávea, já que um banco estrangeiro opera em um ambiente muito mais regulado e burocrático. O relacionamento entre Arminio e o JP Morgan é antigo. Ele é membro do conselho internacional do banco desde 2004. A Gávea foi fundada em 2003, depois que Armínio deixou o BC, na gestão de Fernando Henrique Cardoso. Em 2007, o fundo de investimentos da Universidade Harvard comprou 12,5% de sua gestora de recursos. O JP Morgan, por sua vez, comprou uma participação na Highbridge no fim de 2004 e adquiriu o restante das ações em 2009, consolidando sua posição na indústria mundial de hedge fund. Foi por meio desta empresa que o banco americano se associou ao Gávea em 2010, ao comprar 55% de participação na gestora carioca, com a possibilidade de aumentar essa fatia até atingir os 100% no início do ano que vem. A estimativa do mercado é de que a Highbridge pagou cerca US$ 270 milhões pela participação inicial na companhia. Plano. Segundo a Dow Jones, o JP Morgan já vinha preparando sua saída do fundo de investimentos há alguns meses. Na semana passada, o banco reportou um aumento de US$ 231 milhões nas despesas do segundo trimestre na unidade de gerenciamento de ativos. A diretora financeira, Marianne Lake, explicou, na ocasião, que esse aumento estava relacionado, em parte, à mudança de um ativo que o banco estava planejando vender. Segundo pessoas ligadas ao assunto, a executiva se referia à participação no Gávea. Ao se desfazer da sociedade com a gestora carioca, o JP Morgan reduz sua exposição ao Brasil, no momento em que o País enfrenta uma estagnação econômica. O Gávea, por sua vez, pode voltar a atuar no mercado como uma butique de investimentos. No ano passado, a empresa de Armínio Fraga captou cerca de US$ 1,1 bilhão para um novo fundo de private equity. Foi o quinto fundo da gestora deste sua criação em 2003. O processo de captação levou cerca de um ano e avançou pelo período eleitoral. Fraga foi apresentado na campanha presidencial como futuro ministro da Fazenda do candidato do PSDB Aécio Neves. Portfólio. Com os recursos do novo fundo de private equity em caixa, o Gávea está de olho em negócios de setores como saúde e logística, com maior potencial de crescer por meio de consolidação. A gestora é uma das interessadas, por exemplo, em se tornar sócia da Gaspetro, empresa de gás e energia da Petrobrás. A companhia está disposta a vender 49% de sua fatia na área de distribuição de gás, que inclui a participação em 18 empresas e o controle de 100% da Gas Brasiliano, com concessão no interior do Estado de São Paulo. Hoje, no portfólio do Gávea, estão empresas como o laboratório de diagnóstico Hermes Pardini, a companhia aérea Azul e a ALL-Rumo, empresa de logística ferroviária do Grupo Cosan. A área de private equity da gestora, que administra as participações em empresas, passou recentemente por uma reestruturação. O americano Christopher Meyn, que liderava esses investimentos, saiu da empresa, deixando o cargo para Amaury Bier, que também é sócio do Gávea. (Com informações da Dow Jones Newswires).

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