CAUTELA E ESPERANÇA
O operador Gilmar Meneghetti, da corretora Diversa, de Rondonópolis (MT), conta que muitos produtores rurais têm opções de venda em aberto, mas pedem cautela na hora de concretizar os negócios.
"Antes de fechar, me dá uma ligadinha", é o que muitos dizem, segundo Meneghetti. "O produtor não quer travar nenhum negócio, sem garantia de que vai conseguir colher em janeiro."
Muitos agricultores têm evitado fechar negócios também na esperança de conseguir preços melhores que os atuais.
A soja no mercado internacional oscilou recentemente nos menores patamares em mais de quatro anos, devido a uma expectativa de safras recordes nos Estados Unidos e no Brasil.
Em termos gerais, a comercialização antecipada da soja está bem mais lenta este ano no Centro-Oeste. Atualmente, cerca de 10 por cento da nova safra foi negociada, contra índice de 25 a 30 pro cento no mesmo período do ano passado, segundo levantamento da FNP.
O analista Juliano Cunha, da consultoria Céleres, ressaltou que o mês de janeiro irá chegar com baixíssima disponibilidade de soja em Mato Grosso, onde atualmente 97 por cento da safra colhida em 2014 já foi negociada.
"O mercado vai vir sedento por essa primeira soja, nessa primeira colheita. Para quem tiver produto, o preço vai ter um ganho maior", disse Cunha.
Um bom exemplo do interesse da indústria brasileira pela soja de janeiro foi dado este ano, quando a Abiove, associação que representa grandes empresas do setor, alterou a formulação de seus relatórios. O ano comercial passou a ser contado a partir do primeiro mês do ano, e não mais fevereiro.
Segundo a Abiove, a aquisição de soja em grãos pelas indústrias brasileiras em janeiro deste ano chegou a 2,27 milhões de toneladas, mais do que o Estado do Tocantins colheu em toda a temporada 2013/14.