O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) aprovará uma linha de crédito permanente no valor de US$ 6 bilhões para ajudar países em crise. "A volatilidade continua prejudicando as economias da região, e é importante que organismos multilaterais como o BID tenham a exata compreensão da situação para buscar uma forma mais efetiva de ajuda", disse o ministro do Planejamento, Martus Tavares. A reunião anual do BID começou hoje e vai até o próximo dia 13. A linha deverá ser discutida e aprovada na Assembléia de Governadores, que começa no domingo, dia 10. A Argentina é, no momento, a principal candidata a esse empréstimo, segundo informou o gerente do Departamento de Operações-1 do BID, Ricardo Santiago. Ele é o responsável pelos projetos do banco nos seguintes paises: Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile e Bolívia. No entanto, para ter acesso aos recursos, a Argentina precisará primeiro obter aprovação do Fundo Monetário Internacional (FMI) para seu programa econômico. "Uma vez o FMI termine a avaliação e que um plano coerente seja aprovado, vamos dar apoio à Argentina", afirmou o presidente do BID, Enrique Iglesias. Os representantes dos países latino-americanos deverão deixar claro, durante a reunião, que desejam um maior envolvimento do BID na ajuda aos países em crise. "O presidente Iglesias sentirá que tem o apoio dos países da região para colocar esse problema para outros organismos internacionais, para os países ricos", disse Martus. Segundo Ricardo Santiago, o empréstimo da linha emergencial será condicionado à manutenção de gastos na área social. Ele lembrou que, em 1998, o Brasil tomou empréstimos emergenciais de US$ 4,4 bilhões do BID e os recursos foram utilizados na chamada Rede de Proteção Social. Essa rede envolve projetos como o bolsa-escola e o programa de erradicação do trabalho infantil. "É o mesmo formato", comentou. Martus Tavares explicou que os países que enfrentam crises tendem a fazer cortes profundos em seus gastos, e a área social acaba sendo prejudicada. Ao condicionar os empréstimos, o BID tenta fazer com que a população mais necessitada não arque com os custos do ajuste. Ricardo Santiago informou que a linha emergencial tem prazo de pagamento de cinco anos, enquanto os empréstimos regulares do BID são amortizados em 20 anos. As taxas de juros são de 400 pontos acima da taxa Libor, o que dá aproximadamente 7% ao ano. Ele ressaltou, ainda, que a Argentina não receberá o total de US$ 6 bilhões da linha de crédito. "Será uma parte disso, que ainda não sabemos quanto", disse. Mesmo admitindo que o país é, no momento, o único potencial cliente da linha, Santiago explicou que parte dos recursos ficará à disposição de outros países que possam vir a necessitar de ajuda. Paralelamente à linha emergencial, o BID trabalha na realocação de recursos emprestados à Argentina, de modo a concentrá-los na área social. Segundo Ricardo Santiago, cerca de US$ 700 milhões em empréstimos deverão ser retirados de projetos na área de infra-estrutura e de outros que não estão sendo executados por problemas fiscais. O dinheiro será transferido para projetos sociais. Foram escolhidas quatro áreas prioritárias: melhoria de bairros, bolsa-escola, medicamentos e mães chefes de família em situação de risco.