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BNDES e Vale anunciam consórcio que irá gerir fundo de minerais; gestora tem BB Asset, JGP e Ore

Na concorrência, 12 propostas chegaram à fase de seleção; novo presidente da Vale diz que o crescimento na área de minerais críticos é ‘superestratégico’

Foto do author Amanda Pupo
Atualização:

BRASÍLIA - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Vale anunciaram nesta quarta-feira, 2, o consórcio que irá administrar o fundo de investimento focado em minerais críticos (de alta relevância para setores e com fornecimento restrito). O vencedor da concorrência é um consórcio formado a partir de uma parceria entre a BB Asset e a JGP, que cria uma gestora dedicada a investimentos sustentáveis com a Ore Investments, gestora brasileira de fundos focada 100% em mineração.

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O anúncio, feito em teleconferência do BNDES e da Vale com jornalistas, contou com a presença do presidente do banco, Aloizio Mercadante, e do novo presidente da mineradora, Gustavo Pimenta. “O investimento em minerais críticos é uma janela de oportunidade muito forte. E queremos que Brasil vá além da exportação de commodity, tendo foco em adensar produção industrial. É uma estratégia importante na inovação industrial agregar valor e diversificar produção mineral”, disse Mercadante.

O novo presidente da Vale avaliou que o crescimento na área de minerais críticos é “superestratégico” para a posição da companhia, que entende ser possível até triplicar sua produção de cobre, hoje em torno de 350 mil toneladas por ano. Pimenta lembrou que a Vale ficou atrás de concorrentes nesse sentido porque grandes operadoras de cobre no mundo hoje já produzem na faixa de 1 milhão de toneladas. “Acho que a gente pode chegar a 500 mil toneladas de cobre”, afirmou.

Diretor financeiro e de Mercado de Capitais do BNDES, Alexandre Correa Abreu classificou a disputa como um “sucesso absoluto”, com 12 propostas “muito boas” que chegaram à fase de seleção. Em segundo lugar ficou uma proposta da Ace Capital e, em terceiro, da Tivio Capital e Resource Capital Funds.

Fundo gerido por BNDES e Vale deve ter pelo menos R$ 1 bilhão de aportes iniciais Foto: Paulo Vitor / Estadão

Segundo Abreu, a expectativa é de que em março já possa ser possível iniciar investimentos em projetos a partir da captação que será feita pelo fundo. Um dos focos iniciais do instrumento será a viabilização de projetos de pesquisa em minerais críticos. “Precisamos entender a qualidade dos minerais, por isso um dos focos é a pesquisa mineral, para saber qualidade e depois explorá-los e depois agregar valor à cadeia”, disse o diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do banco, José Luis Gordon.

Possibilidade de novas parcerias

Segundo o presidente da Vale, o interesse da companhia em viabilizar o fundo se dá pela importância de diversificar as empresas no setor e pela perspectiva de a companhia eventualmente viabilizar parcerias no futuro, a partir de projetos que serão financiados pelo instrumento. Um dos focos iniciais de investimento do fundo serão projetos de pesquisa sobre exploração de minerais críticos.

“A gente já disse publicamente que um dos grandes objetivos estratégicos que temos é crescer o negócio de base metals (...) Crescer na parte de minerais críticos, notadamente no cobre — e seguimos avaliando outras oportunidades para o futuro — é superestratégico para a Vale, por isso que o fundo faz tanto sentido”, afirmou Pimenta, que também destacou o papel do níquel no portfólio da mineradora.

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O presidente da Vale ainda observou que os projetos no Brasil para minerais críticos ainda têm pouco acesso a capital, apesar de um dos grandes desafios da indústria hoje ser o desenvolvimento dessas matérias para acelerar a transição energética. “Ter mais players operando no mercado é positivo para a Vale. Para a Vale fundo de minerais críticos é a realização da importância de promover setor”, disse.

Pimenta ainda foi questionado sobre uma possível perspectiva para a mineradora realizar uma oferta pública inicial de capital (IPO) para sua unidade de metais básicos no futuro. Ele respondeu, por sua vez, que o assunto não está na pauta de “hoje” da companhia. “Grande foco nesse momento é andar com a nossa revisão de ativos e avançar no nosso pipeline de crescimento. Na frente, daqui a alguns anos, a gente vai avaliar se a melhor forma de fazer negócio é por meio de acesso ao mercado de capitais, aberto, privado (...) Hoje prioridade da companhia é estabilizar as operações”, disse.

Como foi montado o fundo

O edital para seleção do administrador do fundo foi publicado em maio, conforme antecipado pelo Estadão/Broadcast, ainda sob a presidência de Eduardo Bartolomeo na Vale. A chamada já definia que a BNDESPar e a mineradora iriam subscrever cotas no valor mínimo de R$ 100 milhões e máximo de R$ 250 milhões cada — observado o porcentual máximo de 25% de participação para cada uma no capital comprometido total do fundo.

A expectativa é de que o fundo tenha pelo menos R$ 1 bilhão captado para esses investimentos iniciais — R$ 500 milhões já garantidos pelos aportes do BNDES e da Vale, disse Abreu. “Não precisa ficar em R$ 1 bilhão, pode ser mais. Estamos estimando captação de R$ 500 milhões no mercado, mas pode superar isso”, disse o diretor do banco de fomento, ressaltando que a captação será organizada pelo consórcio vencedor. “Lembrando que a BB Asset tem uma capilaridade gigante”, afirmou o diretor do BNDES.

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