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Mercado ‘esquece’ eleições, Bolsa se aproxima dos 110 mil pontos e dólar chega perto dos R$ 5

Investidores projetam melhora nos indicadores econômicos e voltaram às compras; eleições presidenciais em outubro, contudo, ainda devem gerar volatilidade nos mercados

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Por Fernanda Guimarães
Atualização:

Falta um pouco menos de dois meses para o primeiro turno das eleições, e há uma grande incerteza sobre os rumos da economia a partir do ano que vem. O mercado financeiro, no entanto, parece ter se desligado dessas dúvidas, pelo menos por enquanto. Nesta quarta-feira, 10, a Bolsa opera em alta pelo sétimo pregão seguido, perto do patamar dos 110 mil pontos. O dólar, por sua vez, se aproxima dos R$ 5 (às 13h, estava cotado a R$ 5,04).

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Segundo Fernando Siqueira, da Guide Investimentos, os efeitos da eleição tem sido pequenos no mercado neste momento. “Nos últimos dias, Bolsonaro melhorou nas pesquisas. Isso pode até ter sido bem recebido pelo mercado, mas é um evento menor em nossa visão”, diz. Mesmo assim, a disputa eleitoral ainda tem potencial para gerar volatilidade à frente. Os analistas da Terra Investimentos, Régis Chinchila e Luis Novaes, apontam que com o acirramento do período de campanha, as eleições devem começar a gerar flutuações no mercado.

Para o gestor de renda variável da Inter Asset, Rafael Cota Maciel, a leitura do mercado de eu a bolsa está barata acabou, neste momento, se impondo às preocupações em torno das eleições. “Acho que a eleição está na conta de grande parte do mercado. No entanto, entendo que o pêndulo do nosso mercado estava muito estressado. E estamos vendo muitos resultados das empresas vindo muito bons. Além disso, na frente macro, também há diversos dados melhores do que grande parte do mercado esperava, comenta.

O que o mercado tem olhado mais neste momento é o mercado externo. Os dados de inflação nos Estados Unidos divulgados na manhã desta quarta-feira vieram abaixo do esperado pelo mercado, o que levou otimismo aos investidores.

“O mercado já começa a enxergar uma melhora no cenário econômico lá fora, nos Estados Unidos e Europa, com a inflação começando a dar indícios de queda. Isso diminui o risco de recessão e o mercado tem refletido muito esses pontos”, diz o especialista em Renda Variável na Nexgen Capital, Heitor Martins.

Do lado interno, o mercado também reage às melhores expectativas econômicas, após um impulso da divulgação do IPCA ontem, que registrou deflação de 0,68% em julho. O dado reforçou entre economistas a expectativa de que o Banco Central tenha encerrado o ciclo da alta dos juros na semana passada, quando a Selic chegou aos 13,75% ao ano.

Investidores adotaram tom mais otimista após dados de inflação nos EUA e Brasil. Foto: Reuters

Segundo o chefe de pesquisas da Ativa Investimentos, Pedro Serra, a Bolsa tem melhorado devido a essa maior clareza em torno do ciclo de alta dos juros no Brasil e também a uma percepção de que a Selic retomará um ciclo de queda a partir de 2023. Na sua visão, a eleição é um ponto relevante, mas não tem sido, por ora, um tema relevante no dia a dia.

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“Nos Estados Unidos os investidores também começam a fazer essa conta”, afirma o especialista. Segundo ele, já havia uma percepção por parte dos investidores de que havia boas oportunidades no mercado, após um período de forte queda de muitas ações. “O mercado costuma antecipar movimentos de juros e a bolsa deu uma reprecificada. É um ajuste de expectativas”, completa.

Resultados das empresas

Siqueira, da Guide, acrescenta que além dos dados de inflação mais acomodada, a Bolsa está refletindo os resultados das empresas relativos ao segundo trimestre, em meio à temporada de divulgação dos números dos grupos de capital aberto. “A Petrobras divulgou números bons e dividendos elevados, o que ajudou o mercado. Além disso, os bancos e varejistas também divulgaram números fortes”, afirma. Na segunda-feira, por exemplo, o Itaú Unibanco reportou um lucro de R$ 7,7 bilhões no trimestre, uma alta de 17,4% no comparativo anual, superando as expectativas de analistas.

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