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Bovespa fecha em queda de 2,04% com notícias da gripe suína

Queda nos preços das commodities em razão dos temores com a doença derruba ações no Brasil e no mundo

Por Claudia Violante e da Agência Estado

O Brasil não tem registrado nenhum caso de gripe suína e/ou restrição ao consumo da carne. Apesar disso, os investidores em ações no Brasil aproveitaram o noticiário sobre o assunto para embolsar parte dos ganhos obtidos no ano e que se aproximavam dos 25% até a última sexta-feira. A queda nos preços das commodities no mercado externo em função dos temores de demanda menor devido a uma eventual pandemia serviu para imputar perdas sobretudo às blue chips Vale e Petrobras que, embora não tenham sido as maiores perdas do índice, foram as mais negociadas.

 

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O Ibovespa terminou em baixa de 2,04%, aos 45.819,71 pontos. Na mínima do dia, atingiu os 45.662 pontos (-2,37%) e, na máxima, 46.772 pontos (estabilidade). Mesmo com a queda de hoje, o Ibovespa ainda acumula ganhos de 11,96% em abril e de 22,02% em 2009. O giro financeiro totalizou R$ 4,055 bilhões. Os dados são preliminares.

 

O assunto desta segunda-feira é a gripe suína, que já fez vítimas fatais no México e há casos registrados nos Estados Unidos. O temor de que isso vire uma pandemia e prejudique ainda mais a já enfraquecida economia global levou os investidores a se desfazerem de ativos, como, por exemplo, commodities, que acertam em cheio a Bovespa.

 

Na Nymex, o petróleo para junho terminou em baixa, ao redor de US$ 50 o barril, com os investidores temendo uma redução nas viagens aéreas em razão da gripe, o que diminuiria ainda mais a demanda mundial por combustíveis. O setor aéreo no exterior foi outro que sentiu na pele os efeitos do noticiário, bem como as ações das empresas ligadas ao segmento de turismo e também de frigoríficos que trabalham com suínos.

 

O Dow Jones terminou em baixa de 0,64%, aos 8.025,00 pontos. O S&P recuou 1,01%, aos 857,51 pontos e o Nasdaq, 0,88%, aos 1.679,41 pontos. Em meio à queda das ações das aéreas, os papéis de algumas farmacêuticas subiram, como Glaxo SmithKline (+7,57%) e Pfizer (+2,43%).

 

GM avançou 20,71%. Hoje, a montadora anunciou a revisão de seu plano de viabilidade, que prevê a demissão de 21 mil pessoas e a eliminação da marca Pontiac até o final de 2010. A montadora disse que irá se concentrar nas quatro marcas principais nos EUA - Chevrolet, Cadillac, Buick e GMC - e que reduzirá o número de modelos para se focar em programas de desenvolvimento de novos produtos.

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Na Europa, os principais índices do mercado de ações europeu encerraram em alta com os investidores apostando que a gripe suína pode ter impactos positivos nas vendas de medicamentos das companhias do setor farmacêutico. O surto da doença, no entanto, pesou sobre as companhias aéreas e empresas ligadas ao setor de turismo. Em Londres, o índice FTSE-100 subiu 0,27%. Em Frankfurt, o índice Xetra-DAX avançou 0,42%. Na Bolsa de Paris, o CAC-40 teve declínio de 0,01%. Em Madri, o índice IBEX-35 recuou 1,25%.

 

Realização

 

No Brasil, embora a Bovespa tenha caído muito mais do que as bolsas norte-americanas, a explicação dos especialistas consultados é de que o noticiário serviu de justificativa a uma realização de lucros. "Na sexta-feira, alguns bancos pequenos quebraram nos Estados Unidos e isso ficou rondando no final de semana. Hoje, os investidores juntaram todo esse noticiário e embolsaram parte dos ganhos acumulados", comentou um experiente profissional de renda variável de uma corretora em São Paulo. Ele não descarta, no entanto, a possibilidade de o assunto gerar grande insegurança à medida que o tempo passe, já que a doença pode se espalhar rápido.

 

Apesar de ainda ser cedo para dizer se haverá mesmo maiores efeitos na prática, várias ações terminaram em baixa no Brasil, sobretudo às ligadas às commodities. Vale ON e PNA terminaram em queda de 2,78%. Nas siderúrgicas, as perdas superaram 3%: Gerdau PN, -3,37%, Metalúrgica Gerdau PN, -3,20%, Usiminas PNA, -5,57%, e CSN ON, -3,20%.

 

Petrobras ON recuou 2,43% e PN, 2,12%. O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, voltou a falar hoje sobre a questão do reajuste dos combustíveis e afirmou que a estatal ainda não vê condições para que seja repassada aos preços uma redução, por causa da alta volatilidade do barril no mercado externo. "Volatilidade para nós é qualquer oscilação que ocorra no preço do barril acima dos 10% de um dia para o outro", comentou em entrevista coletiva.

 

A TAM sentiu mais na pele o noticiário da gripe aviária, já que seu escopo de atuação internacional é muito maior do que o da Gol, que fora do Brasil só voa para a América do Sul. TAM PN perdeu 6,06% e Gol PN, 2,37%, mas a queda também foi influenciada, em maior intensidade segundo os operadores, pela liberação dos preços das passagens aéreas anunciada na semana passada pela Anac.

 

No setor de carnes, embora Sadia e Perdigão sejam beneficiadas por uma eventual pandemia da gripe suína, já que aumentaria o consumo de carne de frango, os papéis das duas empresas avançaram hoje muito mais por causa do fato relevante divulgado na sexta-feira pela Perdigão de que as negociações para se unir à concorrente prosseguem. No final, Perdigão ON acabou recuando, 1,34%, mas Sadia PN subiu 7,67%, na terceira maior alta do Ibovespa.

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JBS Friboi ON liderou as perdas do índice, ao cair 12,23%. A empresa, por meio da Swift, atua nos EUA, onde há casos da gripe suína.

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