Bovespa opera em queda, com clima negativo no exterior

Sinal de perdas acentuadas no exterior e relatório da Vale levam à realização de lucros nesta sexta

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Por Patricia Lara e da Agência Estado

O setor financeiro segue pressionando os mercados mundiais nesta sexta-feira, 29. A revelação de uma perda bilionária da seguradora American International Group levou a novos temores com o mercado de crédito e, além disso, o balanço da empresa de informática Dell, divulgado na quinta, ressaltou os fracos gastos corporativos. O clima negativo lá fora, combinado ao balanço positivo da Vale por aqui - que pode levar os investidores a vender as ações valorizadas -, leva a Bolsa de Valores de São Paulo a cair quase 3% nesta tarde. Às 12h47, o índice Bovespa cedia 2,82% a 63.704 pontos.   Veja também: AIG diz que perdeu US$ 4,8 bi com derivativos nos EUA Perdas com crédito no mundo devem superar US$ 600 bi, diz UBS  As grandes quedas e altas da Bovespa    Além disso, os temores de novas perdas entre os bancos continua a rondar. Nesta sexta, o UBS avaliou que as perdas totais da indústria financeira com a atual crise poderá atingir US$ 600 bilhões, dos quais cerca de US$ 350 bilhões entre bancos e corretoras listadas em bolsas, conforme calculou o estrategista Geraud Charpin. Ele cita o AIG como exemplo de instituição que está fora da categoria banco e corretora e que foi atingida pela crise. Os bancos e as corretoras contabilizaram baixas contábeis até agora de apenas US$ 160 bilhões.   Os dados de inflação nos EUA, divulgados pela manhã, porém, não assustaram e ajudaram a reduzir as perdas nos mercados acionários. O índice de preços para gastos com consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) subiu 0,4% em janeiro em relação a dezembro, em linha ao previsto. O núcleo do índice de preços PCE, que exclui alimentos e energia, subiu 0,3%, também em linha ao esperado. Às 12h18, o Dow Jones caía 1,25%, o Nasdaq 100 1,06%. Na Europa, as Bolsas de Paris e Frankfurt têm perdas superiores a 1%.   Vale   Muito do rumo dos negócios nesta sexta vai depender da reação do mercado aos dados financeiros da Vale em 2007, que imunizou a Bolsa das perdas externas na quinta e permitiu um fechamento em leve alta na sessão anterior. No entanto, com os ganhos expressivos de quinta nos ativos da mineradora, o mercado pode chamar uma realização, esmiuçando os detalhes que desagradaram no balanço. Além disso, o mercado estará atento à teleconferência e a entrevista coletiva que os executivos da Vale realizarão nesta sexta para comentar o relatório. O foco é qual a disposição da empresa para comprar a anglo-suíça Xstrata.   Em 2007, a Vale contabilizou o quinto ano consecutivo de lucro recorde. O resultado líquido da mineradora foi de R$ 20,006 bilhões, um aumento de quase 49% em relação ao registrado no ano anterior. Os ganhos da empresa ficou em linha com as expectativas dos analistas.   Segundo análises, os pontos negativos do balanço foram os gastos elevados com multas por atraso no embarque (demourrage); energia, despesas mais elevadas com publicidade e outros gastos. Mas a empresa foi favorecida pelo pagamento menor de impostos.   No seu relatório, a Vale observa que a "hipótese de descolamento é inconsistente com o funcionamento de uma economia globalizada", mas avalia que o dinamismo das maiores economias emergentes, como China e Índia, deve compensar "parcialmente" o efeito da contração do crescimento das economias desenvolvidas. No quarto trimestre do ano passado, a empresa embarcou um volume menor em toneladas de minério de ferro e pelotas para EUA, China, Japão e Alemanha. O volume aumentou para a Coréia do Sul, França e Itália. Às 11h08, as ações preferenciais classe A (PNA) da Vale cediam 1,14% a R$ 51,90.

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