Governo brasileiro está cético de que EUA conseguirão implantar tarifas do aço até 12 de março

De acordo com avaliação de fontes do governo, medida trata de vários produtos para muitos países e teria de haver uma tabela complexa para a alteração a ser apresentada no curto prazo

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Foto do author Célia Froufe

BRASÍLIA - O governo brasileiro está cético em relação à promessa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que iniciará a cobrança de 25% sobre produtos siderúrgicos de vários países, entre eles o Brasil, no início do próximo mês, de acordo com uma fonte que acompanha o assunto de perto. A avaliação de fontes do governo é a de que se tratam de muitos produtos para muitos países e teria de haver uma tabela complexa para a alteração a ser apresentada no curto prazo.

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A proposta americana é a de que a medida entre em vigor no próximo dia 12. Em março de 2018, quando o republicano assumiu a presidência dos EUA pela primeira vez, o país impôs uma taxa de 25% sobre todas as importações de aço e de 10% sobre as de alumínio.

Desta vez, Trump diz que a alíquota será de 25% independentemente da origem ou do produto. O anúncio já gerou repercussões entre diferentes nações e também do setor empresarial.

Por causa dessa tarefa considerada “gigante” para ser colocada em vigor em curto espaço de tempo, a avaliação local é a de que o anúncio feito por Trump é uma medida que abre espaço para negociações. E este é o tom que a área mais técnica do governo vem defendendo e que tentará articular nas próximas semanas. Várias autoridades vêm se pronunciando nessa direção, apesar da fala mais contundente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sexta-feira, 14, de que o Brasil “vai reagir”.

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Donald Trump, presidente dos Estados Unidos; área do governo brasileiro vê espaço para negociar com republicano Foto: Ben Curtis/AP

Mercosul e União Europeia

A medida americana certamente terá influência também sobre outros acordos comerciais que, teoricamente, nem dizem respeito aos Estados Unidos. É o caso, por exemplo, do tratado assinado no fim do ano passado entre o Mercosul e a União Europeia. Neste caso específico, ainda não é possível avaliar, de acordo com a fonte, qual será o impacto, pois é preciso acompanhar os próximos desdobramentos das negociações que serão tentadas por todos os países que forem afetados.

De um lado, comenta um membro do governo, é possível que uma nova ordem econômica, mais calcada no protecionismo e aumento de tarifas, faça com que acordos em tramitação, como o do Mercosul-UE, sejam revistos para estarem em linha com outros acontecimentos do mundo. Por outro, no entanto, pode-se escolher o caminho de tentar acelerar as negociações existentes de forma bilateral ou por blocos para diminuir os impactos gerados unilateralmente por Trump e, assim, engrossar correntes de comércio que passem ao largo dos EUA. “Ainda está tudo muito incerto.”

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