Brasil está preparado para situação mais difícil, afirma Tombini

Presidente do BC afirmou que atual estágio da crise econômica internacional é a 2ª etapa das turbulências surgidas em agosto de 2007

PUBLICIDADE

Foto do author Francisco Carlos de Assis
Atualização:

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, ressaltou nesta sexta-feira, 12, que o Brasil está preparado para uma eventual "situação mais difícil" decorrente da crise econômica mundial. "A primeira linha de defesa é o câmbio flutuante, que flutua para os dois lados", destacou. Segundo ele, devido à ação do governo em 2008, com várias políticas anticíclicas para mitigar os efeitos da recessão global ao País, o Brasil dispõe de "um conjunto de instrumentos mais fortalecidos". Tombini também afirmou que o atual estágio da crise econômica internacional é uma "segunda etapa da crise financeira", surgida em agosto de 2007, e que, portanto, completa hoje quatro anos. "É uma decorrência fiscal dos impactos daquela crise", comentou.

PUBLICIDADE

"Atingimos US$ 350 bilhões de reservas internacionais. Os bancos (comerciais) têm no BC R$ 170 bilhões em depósitos compulsórios a mais do que antes da crise", destacou Tombini. Segundo ele, o Brasil possui carteiras de crédito menos arriscadas do que no final de 2010 devido às medidas prudenciais que o BC adotou, várias delas com o foco de tornar mais razoável a expansão do crédito do País. Ele citou, por exemplo, o caso de redução de prazos de financiamentos para a venda de produtos a consumidores.

De acordo com Tombini, o Banco Central também adotou medidas para reduzir a "alavancagem da moeda estrangeira". Em decorrência das ações do BC, as posições vendidas de dólar no mercado futuro ante o real baixaram de US$ 21 bilhões para um montante próximo a US$ 4 bilhões. O presidente do BC ressaltou também que ocorreu uma redução expressiva dos capitais aplicados em portfólio em relação a 2008, pois agora prevalecem no País o ingresso de recursos para serem dedicados a investimentos estrangeiros diretos ou de captações de longo prazo.

Crise

Publicidade

Embora tenha destacado que a crise atual não é tão intensa quanto ao momento de agudização, deflagrado em setembro de 2008 após a falência do banco Lehman Brothers, Tombini afirmou que a economia global ainda não se recuperou daquela crise.

"A situação fiscal desses países é testada pelos mercados", comentou, referindo-se às dificuldades registradas pelas economias dos EUA e Europa. "O ajuste crível das contas públicas exige tempo e não ocorre da noite para o dia", contrapôs.

De acordo com o presidente do BC, na trajetória de recuperação da economia mundial, podem ocorrer sobressaltos. E a perspectiva do nível de atividade global, como apontam alguns BCs, não é muito alvissareira. Alexandre Tombini destacou, por exemplo, que o Federal Reserve já indicou recentemente que "as condições acomodatícias" da política monetária nos EUA devem permanecer até meados de 2013.

Para muitos economistas, como a economia norte-americana terá dificuldades de expandir os gastos públicos, inclusive devido à falta de acordo entre republicanos e democratas que estão atentos às eleições presidenciais nos EUA em 2012, restaria à política monetária tentar evitar que o país mergulhe em um novo processo recessivo.

Publicidade

Taxa prime

Tombini afirmou que a autoridade monetária deve divulgar a taxa preferencial brasileira no próximo relatório de estabilidade financeira, o que ocorrerá em setembro. A taxa será mensal e terá como objetivo estabelecer uma espécie de taxa prime de crédito no Brasil, que será comparada com taxas semelhantes adotadas em outros países. "Com isso, esperamos fomentar mercado de crédito no País", disse.

Comentários

Os comentários são exclusivos para cadastrados.