O Brasil estuda se aliar à Índia em uma luta na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as discriminações comerciais feitas pela União Européia (UE). Diplomatas brasileiros estão avaliando a possibilidade de criarem uma coalizão com os indianos para tentar retirar as exigências ambientais e trabalhistas feitas pelo bloco para que os produtos estrangeiros entrem no mercado europeu. Há cerca de um mês, os indianos iniciaram uma queixa na OMC contra as exigências que a UE estaria colocando aos países que queiram negociar acordos de comércio com os europeus. Além disso, os indianos apontam que a UE estaria dando benefícios aos produtos de certos países em detrimento de suas exportações. Em alguns casos, os europeus cobram tarifas mais baixas daqueles países que provam que seus produtos não afetam o meio ambiente e que os funcionários envolvidos no processo de produção contam com condições mínimas de trabalho. Para os indianos, a iniciativa dos europeus de premiarem aqueles países que respeitam os direitos trabalhistas e ambientais é apenas uma forma de proteger seus mercados contra produtos de alguns países, entre eles os da Índia. "Caso não existissem essas barreiras, estaríamos exportando muito mais para a Europa", afirma um diplomata indiano. Outro ponto defendido pelos indianos é de que os europeus estariam criando uma discriminação ao dar preferências tarifárias aos produtores de países que estariam dentro do Regime Drogas. O sistema foi criado pela UE para incentivar os produtores de alguns países, como a Colômbia, a deixarem de produzir coca e plantarem café e palmito para serem exportados para o mercado internacional. O problema é que, ao dar a preferência a esses produtores, outros países se queixam de que estariam sendo prejudicados. Há três anos, o Brasil iniciou um processo para questionar os benefícios tarifários que os europeus davam ao café exportado pela Colômbia. O Brasil e a UE chegaram a um acordo sobre o café e o tema foi encerrado. Mas os plantadores de palmito e os exportadores de purê de banana do País continuaram se queixando de que seus problemas não foram resolvidos. Esses produtores enfrentariam tarifas mais altas para entrar na UE que as exportações da Costa Rica e Colômbia. O Brasil terá até o início de fevereiro para decidir se entrará como terceira parte interessada na queixa iniciada pela Índia na OMC.