Câmbio tem saldo positivo de US$ 1 bi

Junho foi o terceiro mês em que a entrada de dólares superou a saída

PUBLICIDADE

O movimento de entrada de dólares na economia brasileira continuou em junho, pelo terceiro mês seguido. Dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC) mostram que US$ 1,07 bilhão entrou no País em junho. O movimento foi liderado pelo segmento financeiro, onde são contabilizados os investimentos externos diretos e aplicações no mercado financeiro. O ingresso de dólares se acelerou nos últimos dias do mês, período que coincidiu com o lançamento das ações da Visanet. Apesar do saldo positivo, o ritmo de entrada de dólares em junho caiu 65,7% ante maio. A queda, segundo analistas, é explicada pelo comércio exterior: com o dólar baixo, cresceram as importações e parte das empresas antecipou pagamentos internacionais. No primeiro semestre, houve entrada líquida de US$ 2,66 bilhões. Esse desempenho reforça a avaliação de que o pior da crise financeira passou, já que o número reverte a forte tendência de fuga no segundo semestre de 2008, quando US$ 15,9 bilhões deixaram o País. Os ingressos, no entanto, foram 82,2% menores que no primeiro semestre do ano passado, quando a crise ainda não havia entrado na fase mais aguda. Em junho, pela primeira vez no ano, a conta financeira foi responsável por todos os dólares que ingressaram no Brasil. Nessa conta são contabilizadas as transferências para investimentos produtivos, aplicações financeiras, pagamentos de dívidas e remessas de lucros. Em junho, o BC registrou a entrada de US$ 1,22 bilhão por esse segmento. Até o antepenúltimo dia do mês, no entanto, essa conta estava no vermelho. O número só voltou ao azul nos dois últimos dias de junho, quando houve a expressiva entrada de US$ 2,36 bilhões. Parte desse dinheiro pode ter sido direcionado para o lançamento de ações da Visanet, que atraiu o equivalente a US$ 4,3 bilhões - 56% das ações que estrearam (cerca de US$ 2,4 bilhões) foram compradas por estrangeiros. O bom resultado do setor financeiro mais que compensou o fraco desempenho do comércio exterior. Em junho, exportações e importações foram responsáveis pela saída de US$ 148 milhões do Brasil. "Quando o câmbio passou a operar abaixo de R$ 2, muitos importadores se apressaram para quitar dívidas no exterior e, assim, as transferências se avolumaram", comentou o diretor de Câmbio da Pioneer Corretora, João Medeiros. A antecipação fez com que o total de transferências para o exterior para pagamento de importações atingisse US$ 12,1 bilhões no mês passado. Esse valor é 11,8% superior ao observado em maio e 36,4% maior que o de abril. Ao mesmo tempo, o dólar baixo tira a competitividade das exportações e a entrada de dólares por essa via diminuiu 3,3% ante maio, para US$ 11,9 bilhões. RESERVAS De olho nos dólares que entram no Brasil, o BC mantém a política de compras no mercado para reforçar as reservas. Em junho, essas intervenções diárias aumentaram as reservas internacionais em US$ 3,24 bilhões. Desde que essas compras começaram, em 8 de maio, a autoridade monetária já retirou US$ 6,12 bilhões do mercado.

Comentários

Os comentários são exclusivos para cadastrados.