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Carro elétrico: Vale a pena comprar modelos de segunda mão? Especialistas avaliam

Motoristas precisam avaliar quesitos como tempo de vida da bateria, autonomia, valor de revenda no mercado de usados e quilometragem

Foto do author Wesley Gonsalves

O setor de carros usados movimenta no Brasil milhares de veículos. Só em 2023, mais de 14 milhões de unidades foram negociadas no País. Diante deste cenário e do avanço nas ofertas de eletrificados, a possibilidade de adquirir um carro híbrido ou 100% elétrico começa a ganhar adeptos no mercado doméstico. Contudo, a pergunta que pode surgir é: afinal, vale a pena comprar um carro elétrico usado?

Para especialistas ouvidos pela reportagem, a resposta é a clássica: depende. Executivos e analistas do setor ponderam que os motoristas que pretendem investir seu dinheiro e adquirir um veículo elétrico precisam analisar vantagens e desvantagens, colocando na ponta do lápis prós e contras de cada modelo e analisando quesitos como tempo de vida da bateria, autonomia, valor de revenda no mercado de usados e quilometragem, entre outros fatores.

Motoristas precisam avaliar quesitos como tempo de vida da bateria, autonomia, valor de revenda no mercado de usados e quilometragem. Foto: Luciana Dyniewicz/Estadão

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Conforme mostrou o Estadão, automóveis elétricos com dois a três anos de uso e baixa quilometragem foram vendidos nos últimos meses com até 45% de deságio e, dependendo do modelo, por menos da metade do valor pago pelo dono quando novo.

Para o sócio da Bright Consulting, Cassio Pagliarini, quem planeja comprar um veículo elétrico usado precisa entender da sua demanda pessoal em relação ao transporte. A depender do uso, os modelos de segunda mão podem, sim, ser uma opção vantajosa financeiramente, disse.

Na avaliação do especialista, os motoristas com rotinas de uso mais urbano podem se beneficiar mais deste tipo de modelo, mas é importante avaliar as questões de infraestrutura de recarga dos automóveis. “O comprador precisa se atentar às garantia da bateria e ver se terá acesso aos pontos de recarga, na sua casa ou no prédio onde mora. Nesse caso, sim, os elétricos usados são uma ótima opção”, afirma.

Pagliarini lembra que, em relação aos preços, os possíveis compradores têm de analisar também o fator desvalorização, que varia de modelo a modelo. “A compra precisa ser feita em um valor que seja favorável. É importante negociar um bom desconto”, orienta.

CEO da Olho no Carro, Yago Almeida avalia que o possível comprador de um veículo eletrificado de segunda mão precisa se atentar a fatores que costumavam entrar na lista de pontos de um modelo a combustão, já que os elétricos possuem particularidades em relação à sua mecânica e desenvolvimento.

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“Mais do que verificar o estado geral do carro — incluindo lataria, estado dos pneus e conservação interna —, é muito importante que você, ou um especialista, realize uma avaliação de itens importantes, como: histórico de manutenção, estado de bateria, atualização de software e sistema de recarga, por exemplo”, diz o executivo.

Almeida explica por que essa análise precisa ser diferente. “Por ter muitas partes móveis, o foco da análise dos motores tradicionais fica nas condições do motor, sistema de transmissão e outros componentes relacionados. A manutenção preventiva é mais voltada para a troca de fluidos, filtros e peças móveis que são sujeitas a desgaste com o tempo de uso”, diz. “A combinação do motor elétrico e a combustão exige, além da tradicional análise do estado do motor, a verificação do estado da bateria interna e do sistema de gerenciamento que controla a transição entre as duas motorizações.”

Sobre os modelos 100% elétricos, o executivo enfatiza que, por não possuir um motor a combustão ou as inúmeras partes móveis que ele possui, nesses veículos a atenção se volta para a bateria, aos “powertrains elétricos” e aos componentes eletrônicos. “A mecânica elétrica é muito mais simples em comparação com a combustão, porém ela exige uma especialização técnica muito mais profunda”, afirma.

Test Drive

Para o cofundador da GreenV, startup de mobilidade elétrica, Marcos Nogueira, apesar da desconfiança ainda comum quando o assunto é a revenda de um veículo elétrico, adquirir esses carros pode ser um bom negócio. “Os carros elétricos são incríveis e existem muitas oportunidades para o consumidor comprar um carro moderno por um preço, às vezes, até mais atrativo que um modelo da mesma categoria a combustão”, diz.

Assim como os demais especialistas, segundo a orientação de Nogueira, o melhor é sempre pesquisar as opções e também entender a sua demanda individual como motorista, pensando qual deve ser o uso diário daquele carro. “A primeira coisa a que o consumidor precisa se atentar é com relação à sua rotina de uso do veículo, se é um uso urbano ou para pequenas viagens”, diz.

Outro ponto que o executivo destaca é a rede de infraestrutura de recargas. Ele lembra que o setor vem crescendo exponencialmente, o que já torna possível realizar viagens com um elétrico; contudo, alguns usuários podem se incomodar com o tempo de espera para realizar as recargas. “De forma geral, as recargas duram em média 50 minutos”, diz.

Como a bateria é uma demanda importante no caso dos elétricos, esse é um ponto comum que demanda atenção redobrada para quem quer investir nesses carros, segundo os especialistas.

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“O maior receio do cliente é com relação à bateria, que de fato exige uma atenção especial“, diz Nogueira, da GreenV. “Em uma eventual substituição, pode chegar a custar até 60% do valor do veículo. Mas a maioria das montadoras oferece oito anos de garantia, elas suportam mais de 5 mil ciclos de recarga, e o motor elétrico está pronto para rodar mais de um milhão de quilômetros.”

Check list

  • Se atentar à sua rotina com o veículo: para uso urbano, é uma ótima solução
  • Saúde da bateria: com a bateria 100% carregada, verifique a autonomia no painel e compare com a divulgada pela montadora. Para uma verificação mais técnica, já existem empresas especializadas em analisar a saúde da bateria do veículo elétrico
  • Outra dica importante é verificar o tipo de plug. O plug mais comum no Brasil é o do Tipo 2, modo europeu, porém há veículos rodando com Tipo 1 (asiático) e GBT (Chinês), e isso pode gerar problemas em locais públicos de carregamento. Mais de 90% da frota é do tipo 2 e os pontos públicos também são do tipo 2
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