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Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Os empresários e o manifesto pela democracia

Documento é resposta aos ataques do presidente Jair Bolsonaro contra o processo eleitoral

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Atualização:

Nesta quinta-feira, 11 de agosto, quando se comemora a criação dos cursos de Direito no Brasil, será o dia da apresentação oficial da Carta pela Democracia, organizada pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), que já tem quase 900 mil assinaturas.

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O documento foi endossado pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), além de outras centenas de instituições e notáveis da sociedade civil.

Não é novidade que banqueiros e industriais façam profissão de fé democrática. Em outras oportunidades, importantes lideranças do empresariado se manifestaram a favor das instituições. Mas nunca como agora tantas lideranças de peso aderiram ao movimento.

Nos anos 1960 e 1970, os empresários em massa apoiaram a ditadura militar, portanto assumiram posição contra a democracia, e despejaram muito dinheiro nessa empreitada.

Entre os banqueiros estavam lá José de Magalhães Pinto (Banco Nacional), Ângelo Calmon de Sá (Grupo Econômico), Gastão Vidigal (Banco Mercantil) e Adolpho da Silva Gordo (Banco Português). Não satisfeitos em dar apoio à ditadura, importantes líderes industriais passaram a financiar a Operação Bandeirante (Oban), criada em 1969, que tratou de instalar a repressão e a tortura. Entre eles estavam Henning Boilesen e Pery Igel (ambos do Grupo Ultra), Sebastião Camargo (Grupo Camargo Corrêa) e Nadir Figueiredo (setor de embalagens de vidro), este último o grande fazedor de presidentes da Fiesp de então.

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Naqueles anos lúgubres, banqueiros e industriais entendiam que a segurança dos seus negócios vinha sendo ameaçada pela subversão socialista, e apostaram na força do regime militar.

De lá para cá, o Muro de Berlim veio abaixo e, com ele, o que entendiam como ameaças do socialismo soviético. E foi se consolidando entre os empresários a percepção de que o futuro dos seus negócios depende da observância das regras democráticas, o que implica respeito à Constituição e às instituições por ela sacramentadas, como o Congresso, o Poder Judiciário e as eleições livres. Fora disso, escancaram-se portas e janelas para o arbítrio. E os investimentos ficam à mercê de subjetividades e do jogo de quem está no comando.

O presidente Jair Bolsonaro (PL), que segue no empenho de uma retórica golpista contra o Supremo e contra o sistema eleitoral, tenta desclassificar a iniciativa dos empresários. Já os chamou de “mamíferos” e de “assinantes de cartinha”, além de tentar identificá-los automaticamente com a candidatura Lula – o que não tem cabimento.

A posição dos empresários não é unânime. Certos segmentos de dentro e de fora da Febraban e da Fiesp refugaram o movimento. Mas algo de importante acontece entre as lideranças da burguesia nacional – expressão pela qual nos velhos tempos as esquerdas referiam-se aos banqueiros e aos empresários do País.

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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