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Jornalista e comentarista de economia

Opinião | Secura de capitais para o Brasil?

Cenário externo é extremamente desafiados para o País, embora ainda não seja possível avaliar os impactos dos tarifaços de Trump

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Foto do author Celso Ming

Está nos radares a perspectiva de certa secura de capitais para o Brasil.

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O principal indício disso é o alto volume de investimentos previstos para infraestrutura de inteligência artificial (IA) e criação de data centers nos países de ponta, como nos Estados Unidos e nos da União Europeia. Só nos Estados Unidos, preveem-se investimentos de meio trilhão de dólares em dois ou três anos. É fator que deverá sugar boa parte das disponibilidades globais.

A novidade, que é o desenvolvimento da IA na China pela DeepSeek, por uma fração dos custos das empresas do Ocidente, em vez de reduzir essa demanda por investimentos, tende a apressá-la, porque está em curso a corrida para o desenvolvimento da nova tecnologia. Tão logo a DeepSeek anunciou seus resultados, alguns observadores compararam o feito ao lançamento do Sputnik pela União Soviética em 1957, que obrigou os Estados Unidos a apressar o Projeto Apolo e o primeiro pouso do homem na Lua.

O segundo indício de grande convergência de investimentos para os Estados Unidos ainda está envolto em incertezas. Trata-se da política comercial protecionista colocada em prática pelo presidente Donald Trump. Se essa política conseguir atrair para os Estados Unidos grande número de empresas que hoje operam fora de lá, como pretendido pelo novo governo, será outro ímã a atrair capitais.

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E, mais uma vez, se essa política der certo, será inevitável certa valorização do dólar em relação às outras moedas, mais um elemento de atração de capitais para os Estados Unidos. Essa valorização poderá vir a ser reforçada pelo Fed, o banco central dos Estados Unidos, se for obrigado a puxar outra vez pelos juros de maneira a combater a inflação. É movimento que tende a favorecer a alta do dólar no Brasil.

A hipótese de que a fartura de dólares possa reduzir-se para os países em desenvolvimento, inclusive para o Brasil, deve começar a ser aventada pelos analistas, mas, por enquanto, não chegou a produzir alarme. O Boletim Focus, do Banco Central, mostra que o mercado espera para este ano a entrada de Investimento Estrangeiro Direto no País de US$ 70,0 bilhões, volume próximo ao de 2024.

O que poderia inverter essa projeção é o atual ciclo de juros comandado pelo Banco Central, fator que tende a atrair para cá capitais de curto prazo que procuram aproveitar a boa remuneração interna proporcionada pelos títulos de renda fixa.

Ainda não dá para estimar em que proporções acontecerá o ajuste, porque algumas variáveis, entre as quais as consequências do tarifaço do presidente Trump, estão fora do controle. Em todo o caso, é coisa para deixar as barbas de molho – como se dizia antigamente.

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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