Depois de longo período de paralisia por causa do elevado nível de endividamento, a Companhia Energética de São Paulo (Cesp) se prepara para voltar a investir em geração. Para isso, a Secretaria de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo elaborou um projeto de lei que permitirá a participação da estatal em leilões de energia elétrica, em parceria com outros investidores.De acordo com as regras atuais, a empresa pode disputar qualquer projeto no setor elétrico brasileiro, mas está impossibilitada de participar de consórcios e Sociedades de Propósito Específico (SPE). A medida restringe a entrada da estatal em licitações de projetos de grande porte, como foi o caso da Hidrelétrica de Belo Monte (PA), que tem 18 sócios. Nos próximos meses, o governo federal planeja outros leilões, com pequenas e grandes usinas.Foi de olho nessas oportunidades e nas previsões crescentes de demanda interna de eletricidade, que a Secretaria de Saneamento e Energia de São Paulo propôs a mudança. O projeto de lei foi enviado ao Palácio dos Bandeirantes há 15 dias e está sendo analisado pela assessoria técnica do governador. Se aceita, a proposta será encaminhada para aprovação na Assembleia Legislativa.O interesse da estatal em voltar ao mundo dos negócios vem de alguns anos, desde que conseguiu renegociar sua bilionária dívida financeira, por volta de 2003 e 2004. No leilão das hidrelétricas do Rio Madeira, em Rondônia, já houve um movimento - mesmo que tímido - para entrar na disputa. Mas, na época, o governo estadual já desenhava um leilão para privatizar a empresa, que foi frustrado. Nenhum investidor depositou as garantias para participar da disputa por causa das incertezas sobre a renovação das concessões das usinas de Ilha Solteira e Jupiá, que vencem em 2015 - embora haja sinalização sobre a prorrogação dos prazo, o governo federal ainda não decidiu sobre o assunto.Resultados. Depois da terceira tentativa frustrada, a Cesp entrou num período de reclusão, sem fazer grandes movimentações no setor elétrico. No ano passado, a empresa conseguiu reverter um prejuízo de R$ 2,3 bilhões para um lucro de R$ 762 milhões. Em 2010, apesar de os números terem piorado um pouco por causa do câmbio, a companhia registrou lucro até o segundo trimestre. Hoje, 37% da dívida total da empresa, de R$ 5 bilhões, está em moeda estrangeira. Qualquer oscilação no câmbio, para cima ou para baixo, provoca grandes impactos no resultado da estatal. De acordo com analistas do setor, um dos pontos positivos da empresa é o elevado fluxo de caixa da companhia, que ultrapassa R$ 1 bilhão.A Cesp é a quarta maior geradora do Brasil, com capacidade instalada de 7.455 megawatts (MW). No total, a empresa tem seis usinas de geração hidrelétrica, com 57 unidades geradoras instaladas.PotencialR$ 5 bilhões é o valor da dívida total da Cesp37%dessa dívida está em moeda estrangeiraR$ 1 bilhãoé o fluxo de caixa da companhia