A produção chinesa de milho este ano poderá se recuperar da queda do ano passado, uma vez que as chuvas amenizaram condições de seca e de calor e muitos produtores, revigorados após a colheita de trigo no inverno, plantaram mais milho do que soja ou algodão, disseram analistas nesta segunda-feira. Uma melhor colheita este ano poderá fazer com que a China, o segundo maior consumidor mundial de milho, não precise buscar mais o grão nos mercados mundiais, depois da compra de mais de 1 milhão de toneladas dos Estados Unidos em abril, o maior volume em 15 anos. A necessidade da China de importar milho dos EUA, depois que uma seca afetou a colheita do ano passado, deu um grande impulso para os preços do produto em Chicago, onde o valor dessa commodity subiu 5,3 por cento no trimestre de abril a junho, comparado com um ganho de 2,7 por cento nos três meses anteriores. "Houve chuva mais do que suficiente na semana passada, o que aliviou o clima quente (no norte)", disse Li Qiang, presidente de uma influente consultoria privada, a Shanghai JC Intelligence Co. Ltd. "A safra deste ano será muito melhor do que a do ano passado desde que o nordeste do país não seja afetado por uma geada prematura." Na semana passada Li visitou duas grandes áreas de plantio de milho no nordeste da China, Shandong e Hebei, e afirmou que a demora no plantio do produto, em razão de uma tardia colheita do trigo de inverno, teve apenas um impacto pequeno e os agricultores da região ampliaram a área destinada ao cultivo do milho. "A área para o milho foi maior este ano. Muitos trocaram o algodão e a soja pelo milho. As terras antes plantadas com algodão foram amplamente alocadas para o milho", disse Li. Os produtores fizeram a mudança com base na expectativa de obter melhores preços do que com o cultivo de lavouras como a soja. Li também espera que a produção do milho seja maior este ano no nordeste --nas regiões de Heilongjiang, Jilin, Liaoning e Mongólia Interior-- desde que não haja nenhuma geada prematura. É comum gear cedo no nordeste, em setembro e outubro, mas não nas províncias do norte. Dados do departamento de agricultura de Heilongjiang, a maior produtora de milho do país, mostraram que a opção dos camponeses pelo milho ou arroz aumentou a área de plantio de milho na província em 9,8 por cento e reduziu as terras da lavoura da soja em cerca de 11 por cento este ano.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.