WASHINGTON - China, Japão e Reino Unido também podem gerar riscos adicionais para a economia mundial, se não conseguirem equacionar seus problemas econômicos de forma adequada, advertiu ontem o Fundo Monetário Internacional (FMI). A China, recomendou o Fundo, tem de evitar esfriamento de sua economia. O Japão tem a missão interna de reduzir o déficit fiscal e a dívida pública, e o Reino Unido, de reconstruir a confiança em suas instituições financeiras.
O Relatório de Contágio de 2012, divulgado ontem, foi elaborado com base na consulta a 11 mercados emergentes sobre os riscos de contágio gerados pelo chamado S-5 - zona do Euro, Estados Unidos, China, Japão e Reino Unido. Entre as autoridades ouvidas estavam as do Brasil. Os altos preços de ativos, os choques nos prêmios de risco financeiro e o espaço político limitado para os governos agirem, segundo o FMI, se combinam e tornam mais forte os efeitos de suas crises sobre os outros países.
A China está em franco processo de ajuste de sua taxa de câmbio, mantida artificialmente desvalorizada nos últimos anos, e de expansão de seu mercado interno por meio de altos investimentos. Tratam-se de medidas necessárias para dar maior equilíbrio à economia mundial. Mas, a China tem como objetivo reduzir gradualmente esses investimentos, com consequências negativas para sua cadeia de fornecedores da Ásia. Um corte mais abrupto, diz o FMI, "terá maiores repercussões mundiais".
Segundo o relatório, o Reino Unido ultrapassa todos os outros centros financeiros do mundo, inclusive o dos Estados Unidos. Tem uma larga conecção com outros nós do sistema e também é uma plataforma onde um banco de outro país toma dinheiro de uma instituição de uma terceira Nacão para, em seguida, emprestar a uma quarta. Dois dos bancos britânicos, entretanto, têm alto potencial de gerar contágios e são suscetíveis aos efeitros negativos vindos de outras instituições e de estresses no mercado, segundo o Fundo.
O FMI não descarta a possibilidade de uma elevação na remuneração dos títulos públicos do Japão, hoje considerada baixa. As razões estão no alto nível de endividamento, no declínio da balança comercial, na redução da poupança doméstica e na bem possível ausência de um plano de longo prazo do governo para reduzir o déficit fiscal e a dívida pública. Nesse cenário, o país tende a se tornar um novo alvo de pressão dos mercados por remuneração mais altas de seus títulos soberanos. A consequência externa será a redução de seus investimentos diretos estrangeiros, sobretudo para as economias emergentes da Ásia.