Num mundo cada vez mais acelerado, o prazo de entrega das compras feitas por aplicativos ou pela internet se tornou um aspecto crucial da competitividade entre as empresas. As grandes cidades já contam com uma série de alternativas que podem ser combinadas para viabilizar esse processo – caminhões, carros, motos, bicicletas convencionais, bicicletas elétricas, patinetes, aplicativos diversos, além do uso em potencial do transporte público. E novos personagens revolucionários entrarão para essa lista: drones, robôs e veículos autônomos.
“A mobilidade urbana vai mudar na década que está começando mais do que mudou nos últimos cem anos”, projetou Pedro Palhares, gerente-geral do Moovit no Brasil, durante o painel “Infraestrutura das Cidades: Aspectos Logísticos – Última Milha e Micromodal”. A empresa, de origem israelense, atua em 115 países no desenvolvimento de soluções focadas em informações sobre transporte público e navegação nas cidades.
Para o professor Lino Marujo, do programa de Engenharia de Produção do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o planejamento é essencial para facilitar um pensamento integrado sobre mobilidade, favorecendo tanto ao poder público quanto à iniciativa privada e à própria população, que ganha alternativas viáveis e organizadas.
Custos compartilhados
“A logística vai se adaptando à infraestrutura disponível, e as empresas do setor são muito criativas ao lidar com dificuldades, mas esse caminho poderia e deveria ser facilitado”, descreve Marujo. O professor acrescentou que cada cidade precisa encontrar suas fórmulas para favorecer a logística, pois, por mais que boas práticas possam ser intercambiadas, esse planejamento estratégico depende de uma grande variedade de características específicas.
Para Rodrigo Ferreira, gerente de Políticas Públicas e Research da 99, a chave da mobilidade urbana está em criar condições para que as cidades dependam menos dos automóveis particulares, especialmente nas situações em que o motorista circula sozinho. No caso de aplicativos de transporte, como o 99, uma das metas é ampliar o uso compartilhado dos veículos, para aumentar a média de passageiros por carro – que, em São Paulo, por exemplo, está em apenas 1,4.
Outro caminho é potencializar as modalidades de carona – em que o dono do carro, mesmo sem ser motorista “oficial” do aplicativo, aceita pegar alguém na rota que vai fazer e é remunerado por isso. Trata-se de uma forma de “rachar” os custos com transporte, mediada pelo aplicativo. “Se apenas 10% das viagens com passageiro único em São Paulo passassem a contar com pelo menos mais uma pessoa, isso seria suficiente para reduzir em 5% os congestionamentos”, observou Ferreira.
Isso contribuiria também, lembrou ele, para reduzir a área ocupada por estacionamentos, equipamentos urbanos que são extremamente caros e ineficientes, no sentido de que servem apenas para que veículos possam permanecer parados por horas. “São espaços com localização nobre, que poderiam ser destinados ao uso coletivo”, disse o executivo da 99.
Bikes elétricas e drones: trunfos para entregas rápidas e sustentáveis
Iniciativa viabilizou a entrega de mais de um milhão de pedidos
Ao completar um ano de funcionamento em São Paulo e no Rio de Janeiro, o projeto iFood Pedal está sendo ampliado para outras quatro grandes cidades brasileiras – Recife, Salvador, Brasília e Porto Alegre. Trata-se do uso de bicicletas elétricas compartilhadas pelos entregadores do aplicativo de alimentação, alternativa que já viabilizou a entrega de mais de um milhão de pedidos.
As bikes elétricas proporcionam ganhos de conforto e de produtividade para os profissionais em relação às bikes convencionais, e para o meio ambiente na comparação com as motos. “Nossa meta é que, em 2025, 50% dos pedidos estejam sendo entregues por modalidades não poluentes. Também estamos desenvolvendo uma agenda de motos elétricas”, disse Fernando Martins, head de Inovação e Logística do iFood.
Outra novidade em andamento são os testes com drones que a empresa vem realizando em Aracaju (SE). “As entregas de pedidos por drones poderão se tornar realidade no Brasil num prazo entre três e cinco anos”, projeta Martins. Como as rotas de voo dependem de autorização prévia, a aplicação mais provável estará em trechos previsíveis, a exemplo da ligação entre centrais de distribuição e droneports em condomínios e outros estabelecimentos.
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