Cinco motivos para a frustração com o leilão da Petrobrás

O resultado foi surpreendente até para a Petrobrás, que esperava mais concorrência; leilão frustrou o mercado apesar da arrecadação recorde de R$ 69,9 bilhões

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Por Redação
Atualização:

A arrecadação do governo decorrente do leilão do excedente da cessão onerosa, realizada nesta quarta-feira, 6, no Rio, ficou abaixo das expectativas criadas pelo próprio governo, que confiava na venda de todos os blocos no que classificou como “o maior leilão do mundo”.  Surpresa até para a Petrobrás, que esperava mais concorrência, o leilão frustrou o mercado apesar da arrecadação recorde de R$ 69,9 bilhões, ou 66% do esperado (R$ 106 bilhões). O que ninguém previu foi a ausência das grandes petroleiras, já que 11 se habilitaram e apenas duas chinesas participaram junto com a Petrobras, ficando com tímidos 5% cada, no maior campo do leilão, Búzios. Mas por que as petroleiras não vieram? Segundo analistas, foram cinco os principais motivos, leia a seguir:

Navio Plataforma,em Angra dos Reis, localizado no Campo de Tupi na Bacia de Santos, no Litoral Sul do Rio de Janeiro Foto: Wilton Junior/AE

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Pagamento da Compensação à Petrobrás assustou as petroleiras

Teve peso na decisão das companhias em não participar do leilão a incerteza em torno das negociações com a Petrobrás sobre a compensação financeira que deverá ser paga à estatal pelas vencedoras. O valor a ser pago se refere a investimentos já realizados pela estatal nas áreas da cessão onerosa, que desenvolve desde 2010. Em Búzios, maior campo de onde foram feitos os maiores investimentos já existem quatro plataformas com capacidade para produzir 600 mil barris diários de petróleo. A incerteza sobre esses valores afastaram a concorrência. 

Bônus de assinatura elevados

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Empresas do porte da Shell consideraram muito elevado o bônus de assinatura estipulado pelo governo para os quatro campos, um total de R$ 106 bilhões, quase o dobro do arrecadado em todos os leilões já realizados no Brasil desde 1999. 

Partilha à brasileira espanta concorrência

Apesar de comum no mundo, o regime de Partilha de Produção ganhou no Brasil contornos que segundo analistas afastaram os concorrentes. O direito de preferência da estatal Petrobrás e a fixação de um lucro-óleo (lance sobre o volume de óleo que será cedido à União) são obstáculos para as grandes petroleiras, que desejam poder disputar a operação dos campos, papel que geralmente é exercido pela Petrobrás. A operação significa o comando das ações de exploração e produção de um campo de petróleo.

6ª Rodada no dia seguinte

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Diante de bônus de assinatura muito elevados da cessão onerosa, as empresas podem ter optado em esperar a 6ª Rodada de Partilha de Produção, marcada para amanhã.  Se forem vendidos os cinco campos ofertados nessa licitação, a arrecadação será de R$ 7,8 bilhões, quase a metade do segundo menor campo oferecido no mega leilão da cessão onerosa realizado hoje, Atapu, de R$ 13,7 bilhões.

Economia descarbonizada

Algumas petroleiras estão investindo em energia renovável e apesar dos campos do pré-sal terem bastante gás natural, eleito combustível da transição para uma economia descarbonizada, existe grande presença de gás carbônico e o volume é inferior ao de petróleo. Isso pode ter desanimado petroleiras mais voltadas para os problemas ocasionados pelo aquecimento global. 

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