BRASÍLIA O Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou ontem em 4,5% o centro da meta de inflação para 2012, com uma banda de variação de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo. Isso significa que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode flutuar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja descumprida. Esse é o mesmo porcentual adotado pelo governo desde 2005. "Nos últimos anos, nós temos projetado esta meta que tem permitido manter a inflação sob controle e, ao mesmo tempo, permitido a expansão da economia sem colocar o Banco Central numa saia-justa ou numa camisa de força", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que integra o CMN ao lado do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. "Razoável". Embora seja fixada pelo Conselho, cabe ao Banco Central garantir o cumprimento da meta. A política monetária tem sido o principal instrumento da instituição. Quando a meta não é atingida, o presidente do BC tem de escrever uma carta pública ao ministro da Fazenda, explicando as razões que levaram ao seu descumprimento. Mantega disse que um centro da meta menor, como alguns analistas de mercado defendem, poderia forçar um aumento maior dos juros em caso de choque de oferta, como ocorreu este ano. "Essa é uma meta que está se revelando suficiente, razoável, para cumprirmos nossos objetivos", argumentou. Ao fixar uma meta para 2012, o CMN está estabelecendo diretrizes para o próximo governo, que será eleito este ano para suceder ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, a meta poderá ser alterada na reunião do Conselho, em junho do ano que vem, caso o futuro governo considere necessário. O CMN fixa a meta dois anos antes, mas pode rever no ano seguinte. Ontem os ministros confirmaram em 4,5% o centro da meta de inflação para 2011. Alimentos. Mantega disse que o governo espera que o IPCA deste ano fique em torno de 5%, mas caia para perto de 4,5%, em 2011. "Portanto, ainda é 4,5% o centro ideal da meta. Se isso se alterar no futuro, os próximos governos terão de fazer essa alteração", afirmou. Segundo a pesquisa Focus, feita pelo Banco Central com o mercado, a projeção de inflação para este ano está em 5,6%, e em 4,8% para 2011. O ministro destacou a queda observada nos preços dos alimentos, que têm puxado para baixo os índices de inflação de 2010. "Não é nenhuma novidade que tenhamos superado o choque de oferta de alimentos por causa das chuvas de início do ano", completou. Ele acredita que o ritmo de crescimento econômico também não oferece mais risco para a inflação. "Não há superaquecimento, temos um aquecimento saudável", afirmou. "No segundo trimestre, já teremos um ritmo bem menor de crescimento, de 1% ou 1% e pouco, contra 2,7% no primeiro trimestre (em relação ao trimestre anterior)", avaliou. O ministro disse que a economia brasileira caminha para um ritmo sustentado de crescimento, em torno de 6% a 6,5% este ano.
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