Conselho pode decidir sobre Angra 3 nesta terça; setor teme novo adiamento e quer presença de Lula

Em dezembro, CNPE decidiu adiar decisão sobre retomada das obras da usina nuclear

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Foto do author Renan Monteiro
Atualização:

BRASÍLIA - O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) deve voltar a avaliar nesta terça-feira, 18, o preço da tarifa da usina nuclear de Angra 3 em reunião extraordinária. Na prática, isso vai determinar se as obras de conclusão da usina serão ou não retomadas.

Integrantes do setor demonstram preocupação com a possibilidade de novo adiamento na deliberação. Interlocutores ouvidos pelo Estadão/Broadcast avaliam que o ideal seria a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que esteve ausente na última reunião.

Com potência instalada de 1,4 GW, cerca de 65% do projeto de Angra 3 já foi executado e o seu término ainda irá exigir R$ 23 bilhões em investimentos. Foto: Fabio Motta/Estadão

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Lula, de perfil desenvolvimentista, poderia dar a palavra final sobre o retorno das obras da usina - defendida pelo Ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira. Não há previsão, contudo, de participação do chefe do Executivo, que vai receber amanhã e quarta-feira o presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, em visita oficial.

Em dezembro, o CNPE decidiu adiar a decisão sobre a retomada das obras de Angra 3, incluindo duas condicionantes: estudo prevendo aprimoramentos no modelo de governança da Eletronuclear e outro estudo sobre novas fontes de financiamento para a conclusão da terceira usina nuclear.

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O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) ficou com a tarefa de avaliar medidas para melhorar a governança da Eletronuclear. O estudo já está em andamento; o primeiro passo foi a assinatura do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) para a “promoção da melhoria do desempenho operacional e da eficiência na prestação de serviços”, informou em nota MGI.

Já a área econômica do governo e o BNDES ficaram com a responsabilidade de avaliar fontes alternativas para financiar a construção. Não há informações sobre o andamento desse estudo.

Tarifa

Pela última atualização, a estimativa de tarifa de Angra 3 saiu de R$ 653,31 para R$ 640 por megawatt-hora, após adaptações do estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sobre a viabilidade técnica da terceira usina nuclear brasileira.

Como mostrou o Estadão, a construção de Angra 3 pode fazer com que os brasileiros paguem até R$ 61,5 bilhões a mais nas contas de luz por um período de 40 anos, na comparação do custo da energia que seria gerada pela usina em relação a outras fontes disponíveis no País.

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Angra 3 é considerada uma usina nuclear de tecnologia defasada, já que foi projetada nos anos 1970 e começou a ser construída em 1981, ainda no regime militar.

Com potência instalada de 1,4 GW, cerca de 65% do projeto já foi executado e o seu término ainda irá exigir R$ 23 bilhões em investimentos, segundo estudo do BNDES, incluindo o financiamento da obra, compra de equipamentos e contratação de serviços especializados de engenharia.