
A operadora de shoppings Aliansce Sonae, dona do Plaza Sul, Parque D. Pedro e Leblon, chega nesta quinta-feira, 28, ao "Dia D" de sua tentativa de selar um casamento com a concorrente BrMalls, que tem empreendimentos como o Santa Cruz, Jardim Sul e Villa-Lobos. Sua terceira proposta para fechar a fusão, feita na semana passada, terá sua validade terminada hoje. Se concretizada, a combinação dos negócios dará origem ao maior conglomerado do setor, com 69 shoppings.
A última oferta conseguiu fazer mudar de lado alguns importantes acionistas da BrMalls, mas não ainda o fundo estrangeiro Capital International, que tem uma fatia de 9,2% da BrMalls e é dado como o "fiel da balança" para a transação, conforme apurou o Estadão/Broadcast.
A última semana tem sido intensa para as administrações de ambas companhias. Do lado da BrMalls, o conselho de administração topou iniciar as conversas formais após ter rejeitado as duas primeiras ofertas, consideradas muito abaixo do valor da empresa. Conversar, entretanto, não significa aceitar os termos propostos, segundo afirmou o vice-presidente do conselho de administração da BrMalls, João Teixeira.
Já nos bastidores, acionistas da BrMalls seguem defendendo uma quarta proposta que melhore as condições para a fusão. A Atmos, acionista antiga da companhia, ainda não se convenceu e segue firme contra a proposta de fusão, conforme fontes.
Até o momento, a Aliansce já conseguiu convencer dois importantes acionistas da rival: a Velt e a Squadra. Esta última, inclusive, já se movimentou para indicar dois candidatos ao conselho de administração da BrMalls, que fará uma assembleia para eleger o novo colegiado amanhã.
A própria Aliansce também vai apontar dois candidatos ao conselho, aproveitando o fato de que se tornou acionista da BrMalls. Neste ano, a Aliansce comprou ações em Bolsa até atingir 10,8% de participação na rival e influenciar as discussões sobre a potencial fusão. Ao seu favor, também conta com o fundo de pensão canadense CPPIB - acionista nas duas empresas de shoppings - e as gestoras Miles, Oceana e Truxt, que já pediram a convocação de uma assembleia de acionistas para deliberar logo sobre o tema.
Aliansce defende qualidade de seus shoppings na negociação
A Aliansce publicou um comunicado ao mercado buscando defender a qualidade dos seus shoppings como moeda forte na negociação de fusão. Segundo a empresa, seus shoppings vão representar 46% das vendas totais do grupo combinado, bem como 44% do NOI - indicador que corresponde ao lucro operacional de cada shopping (é a soma das receitas com aluguéis e estacionamentos, menos custos de operação).
Por trás dessa abertura está o objetivo de mostrar a investidores que a contribuição da Aliansce no futuro conglomerado é proporcional à proposta de fusão que está na mesa e consiste em ficar com 45% da nova empresa, enquanto os acionistas da BrMalls terão uma fatia de 55% mais o pagamento de R$ 1,25 bilhão em dinheiro.
Também é possível fazer a leitura de que a Aliansce admitiu que a BrMalls é, de fato, uma empresa superior e que a fusão não será "entre iguais" - termo que vinha propagandeando desde o primeiro lance, em janeiro, quando propôs que o novo grupo fosse dividido meio a meio.
Aos olhos do analista de shoppings do Bradesco BBI, Bruno Mendonça, a abertura de dados pela Aliansce "foi um passo importante para a harmonização das negociações com a BrMalls, pois deve proporcionar mais transparência e auxiliar os investidores na tomada de decisão".
Nem todos, porém, viram da mesma forma. "Os objetivos do comunicado são bem transparentes: tentar aumentar a percepção do mercado sobre o valor dos ativos que a Aliansce aportaria na NewCo para reduzir ou eliminar demanda por aumento de preço", disse à reportagem uma fonte engajada nas negociações.
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 27/04/22, às 18h08.
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