Primeira empresa de gestão de lixo a entrar na B3, a Ambipar acaba de fechar mais uma aquisição no exterior, onde pretende ser referência e líder na prestação de socorro em situações de emergência para conter danos ao meio ambiente. A canadense Orion, que atua no segmento também conhecido como "response" (ou resposta, na tradução livre para o português), é a sexta empresa estrangeira comprada, desde que a Ambipar levou suas ações à Bolsa, no meio do ano passado. Em sua carteira, já entraram outras quatro norte-americanas e uma no Reino Unido. Mais de uma dezena de empresas da área foram mapeadas lá fora por uma consultoria contratada pela Ambipar no fim de 2020 - e devem entrar na cesta de compras da companhia até dezembro. Com isso, a Ambipar encerra o ciclo de expansão inorgânica, para então digerir os negócios, crescer e fincar definitivamente sua marca lá fora.
A Ambipar captou R$ 1 bilhão no IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês). Na lista de promessas, estavam várias aquisições, especialmente no Hemisfério Norte - as quais vem cumprindo. As empresas alvo têm um faturamento entre US$ 7 milhões e US$ 10 milhões. A Orion, vendida à Ambipar esta semana, faturou 9,7 milhões em dólares canadeses em 2020.
Ideia da empresa é criar respostas padrão a crises
Como nos Estados Unidos, o negócio de "response" é regionalizado e segmentado por tipo de acidente, a Ambipar está aproveitando sua experiência no Brasil, de extensão continental, para ganhar mercado a partir de um atendimento padronizado a situações de emergência em diferentes condições. Tanto que, boa parte da demanda lá fora veio de multinacionais que ela atende no Brasil.
Apesar do apelo que o tema ESG (meio ambiente, sustentabilidade e governança, na sigla em inglês) ganhou no mercado financeiro, os investidores da Bolsa não têm pagado mais por suas ações. Os papéis da companhia são negociados atualmente com um ganho modesto em relação ao preço do IPO. A presidente da Ambipar, Cristina Andriotti, atribui o desempenho fraco das ações ao pouco conhecimento que os investidores têm do escopo de sua atividade e do potencial impacto financeiro que a gestão de resíduos tem na atividade das empresas, além dos já aparentemente visíveis nas três letrinhas do ESG.
Valor no lixo
Além das respostas de emergência, a Ambipar faz a gestão do lixo das empresas. Para ela, todo resíduo tem valor agregado e, após ser trabalhado, pode permitir à empresa que o produziu ter benefício financeiro com sua gestão. Assim, além de sustentável, a empresa entra no grupo das companhias ESG. Segundo Andriotti, 96% dos resíduos gerados por seus clientes têm resultado em valor para a companhia e apenas 4% são efetivamente desperdiçados. O lixo pode se transformar em energia, compostagem, em matéria-prima ou subproduto.
O leque de empresas envolvidas na gestão de resíduos é grande e Andriotti afirma que a Ambipar abre caminho para que outras cheguem à Bolsa. "Os resíduos precisam de um destino mais nobre e a sustentabilidade é um caminho sem volta", diz.
Esta reportagem foi publicada no Broadcast+ no dia 19/02/2020 às 00h10.
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