
A Raízen deve ir ao mercado internacional de dívida nos próximos dias para fazer uma emissão externa, de acordo com fontes. O valor da captação ainda não está definido, mas pode ficar entre US$ 500 milhões a US$ 750 milhões, dependendo do apetite dos investidores. Os recursos devem ser direcionados para a gestão do passivo da companhia, que passa por um processo de reorganização financeira e operacional. Esta será a sexta emissão externa de empresas brasileiras em 2025, que já captaram US$ 4,1 bilhões este ano, perto da metade do que levantaram no mesmo período de 2024.
A companhia viu sua alavancagem aumentar para três vezes o Ebitda (resultado operacional) no terceiro trimestre da temporada 2024/25, que compreende o período entre 1º de outubro e 31 de dezembro de 2024. No intervalo correspondente do ano passado, a alavancagem estava em 1,9 vez. A maior parte da dívida da Raízen está em moeda local (92%). No período, a empresa registrou um prejuízo líquido de R$ 2,571 bilhões.
O processo de reestruturação vem tomando corpo desde o fim do ano passado, com mudanças na gestão e maior foco na eficiência operacional. Em conferência com analistas, Nelson Gomes, CEO da companhia, afirmou hoje, 17, que a empresa deve entrar num novo ciclo a partir de abril, com uma estrutura mais simplificada. O negócio será separado em três linhas principais de atuação: Açúcar e Renováveis, Mobilidade Brasil e Mobilidade Argentina.
Nova cultura
“A simplificação faz parte do nosso traço cultural daqui para frente”, afirmou Gomes na conferência, ressaltando que o movimento abrangerá estrutura organizacional, processos internos e até a comunicação com o mercado. Segundo ele, a companhia também terá uma atuação mais disciplinada na alocação de investimentos e na gestão da dívida. “Nosso objetivo é trazer essa companhia de volta ao equilíbrio.”
Não só a Raízen, mas o grupo Cosan que a controla também está reestruturando seus passivos com objetivo de reduzir o endividamento. Recentemente, a Cosan anunciou uma oferta de recompra de até US$ 900 milhões em bonds. Conforme fontes do mercado, a retirada de parte desses papéis teria sido financiada com a venda da participação na Vale, que rendeu R$ 9 bilhões em janeiro em leilão na B3.
Ainda haveria recursos para a Cosan participar de um eventual aumento de capital da Raízen. Estes são apenas alguns dos movimentos que a Cosan está avaliando no processo de reestruturação, o que inclui também ainda venda de ativos e atração de investidores parceiros.
Além da Raízen, Bradesco, Usiminas, Ambipar, Embraer e JBS fizeram captações externas este ano. Banqueiros esperam que mais empresas venham ao mercado nas próximas semanas. Procuradas, a Raízen e a Cosan não comentaram sobre a captação.
Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 17/02/2025, às 17:48.
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