A ideia em 2016 era criar uma agência de classificação de risco para pequenas empresas. Não deu certo e o projeto evoluiu para uma fintech que pudesse fazer antecipação de recebíveis pela internet para companhias de menor porte. O novo projeto saiu do papel, com a criação da Antecipa Fácil, que chegou ao final de 2023 com R$ 1 bilhão em operações já feitas, dos quais metade só esse ano. A meta é alcançar mais R$ 2 bilhões em 2024.
Criada em Campinas (SP) e inicialmente bancada com recurso de amigos – o “family and friends” na expressão usada pelos investidores –, a Antecipa Fácil conseguiu crescer e atrair novos fundos. No último trimestre do ano, a empresa tem feito uma média de R$ 4 milhões de antecipações de recebíveis por dia, todas pela internet. Agora, conseguiu atingir seu ponto de equilíbrio financeiro, ou seja, pode começar a dar lucro, um dos fatores mais avaliados em startups com os juros altos no mundo.
Na plataforma, empresas interessadas em antecipar os recebíveis colocam suas notas fiscais, em uma espécie de leilão. A rede de agentes financeiros soma mais de 300 nomes e vai desde grandes bancos, passando por instituições financeiras menores, fundos de recebíveis e securitizadoras, entre outros. São esses agentes que fornecem os recursos para as operações e a fintech ganha uma comissão, explica o sócio fundador da Antecipa Fácil, Elber Laranja.
Fintech nasceu da dificuldade de acesso ao crédito
A própria fintech nasceu juntando dois lados, o que dá o crédito com o de quem precisa de crédito – e nem sempre consegue nos bancos. Thiago Chiliatto veio do mercado financeiro, trabalhando com crédito no Itaú e no Citi. Após sair dos bancos e se aventurar em consultoria, conheceu Elber Laranja em um evento, ele um empresário que já havia recebido negativas de bancos quando precisou de recursos. A primeira conversa foi para criar uma agência de rating que avaliasse pequenas empresas, mas eles contam que o projeto não despertou o interesse dessas companhias e evoluiu para uma fintech.
O mercado de crédito fora das instituições financeiras no Brasil é enorme e ainda muito arcaico, baseado em papéis e muitas vezes nas mãos de agiotas. Só o mercado de duplicatas é estimado em R$ 11 trilhões. “Passa duas vezes o PIB brasileiro pela indústria de duplicatas, por isso as oportunidades são enormes”, disse Chiliatto. Grande preocupação dos bancos no crédito desde que os juros começaram a subir, a inadimplência está mais controlada nos recebíveis. Na fintech, atrasos maiores de 30 dias estão abaixo de 1% na carteira.
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 18/12/23, às 14h53
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