EXCLUSIVO PARA ASSINANTES

Bastidores do mundo dos negócios

Fundador da Azul adota estratégia para não perder participação

David Neeleman não será mais o controlador, mas deve manter 4% do capital total

PUBLICIDADE

Neeleman tem atualmente o controle da Azul com 67% das ações ordinárias Foto: Valeria Goncalvez/Estadão - 11/09/2019

O empresário fundador da Azul, David Neeleman, não vai mais ser o controlador da companhia aérea que fundou em 2008 na nova configuração da empresa, mas deve conseguir manter sua participação de 4% no capital total da nova companhia, que vai surgir após a reestruturação que está em curso. A operação pode levar a uma diluição dos outros acionistas na casa de 80% a 90%.

PUBLICIDADE

A Azul está propondo uma conversão obrigatória e automática de todas as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) em ordinárias (ON, com direito a voto). Atualmente, cada PN vale 75 papéis ON, mas esse número vai ser diluído ainda mais após a incorporação dos credores que viraram acionistas da Azul, para quase zerar, considerando que devem ser emitidos mais de 1,8 bilhão de ações. A troca de ações depende de uma mudança no estatuto da empresa, que será votada em assembleia especial no próximo dia 25.

A estratégia de Neeleman para garantir a manutenção de sua participação está descrita em um pequeno item em um documento de 200 páginas que fala do acordo de acionistas. O trecho explica que, após a conversão de PN em ON, a porcentagem que o acionista tiver de ações ON vai ser acrescida de quatro pontos porcentuais. Acontece que o fundador da Azul e a Trip são hoje os únicos acionistas que têm ações ON da empresa. Como serão reduzidas a quase zero na diluição, ele teria essa base mais os quatro pontos, chegando a uma participação de 4% do capital total.

Troca de ações deve ocorrer até setembro de 2026

Atualmente, Neeleman tem o controle da Azul com 67% das ações ON e a Trip, companhia aérea que a Azul se fundiu em 2012, tem os 33% restantes. No total, ainda na nova empresa, até 7% podem ficar com a diretoria da Azul e o novo conselho pode ter mais 2%.

A troca das ações será obrigatória e prevista para acontecer até setembro de 2026 ou na data de uma combinação de negócios da Azul com a Gol, de acordo com documentos oficiais. O memorando de entendimento firmado em janeiro entre as aéreas prevê que o Abra Group, controlador da Gol, detenha mais de 10% das participações acionárias em circulação na companhia combinada. Mas o martelo sobre a participação final ainda não foi batido.

Publicidade

Com a conversação automática de ações, o capital da Azul será composto exclusivamente por ações ordinárias com direito a voto. A aérea defende que a medida vai permitir “uma maior participação e direitos de voto iguais para todos os acionistas”, segundo o documento que detalha a estratégia de conversão. Procurada, a Azul não se manifestou.

Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 11/02/2025, às 15:33.

O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.

Para saber mais sobre o Broadcast+ e solicitar uma demonstração, acesse.