
O Goldman Sachs, maior acionista da Oncoclínicas, com 20,76% do capital da empresa mineira de saúde, está tentando estruturar uma operação no mercado de derivativos para afastar seu nome da sociedade. Na estrutura, o banco americano não mais apareceria entre os sócios da companhia, mas ficaria exposto à variação das ações, ou seja, se o papel subir, ganha, se cair, perde.
O Goldman queria vender toda a fatia, mas não tem achado comprador, em meio aos desafios enfrentados pela Oncoclínicas, que inclui questões de governança, condições financeiras difíceis por causa dos juros altos e adversidades no setor de saúde, com perspectiva dos analistas de menor crescimento das receitas. Os analistas do Citi, em um relatório do ano passado que rebaixou a recomendação para as ações da empresa, apontam esses desafios, incluindo as mudanças na governança e perspectiva de menor lucro.
Uma das formas de sair da sociedade seria uma operação de derivativos chamada no mercado de total return swap. Nessa operação, outro investidor compra a ação da Oncoclínicas e faz um contrato de swap (derivativo) com o Goldman. O comprador fica com seu nome entre os sócios da empresa, mas o banco americano ainda fica exposto ao que acontecer com o papel. Essa operação é feita por um período fixo, mas pode ser renovada periodicamente.
Instituição ainda não encontrou interessados
O banco americano já bateu na porta de algumas casas da Faria Lima, mas ainda não conseguiu um parceiro para fazer essa estrutura. Após atingir a mínima desde o IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês), de RS 1,70 em fevereiro, o papel voltou a subir forte em meio a compras no mercado da gestora Latache, que tem entre seus investidores o empresário mineiro Lucas Kallas, dono da Cedro Mineração. A gestora tem agora uma fatia de 10% da empresa.
O Goldman, que investiu pela primeira vez na empresa em 2015, chegou a ter 60% da Oncoclínicas, mas viu sua participação ser diluída após não participar de dois aumentos de capital da companhia. No ano passado, uma capitalização de R$ 1,5 bilhão foi ancorada pelo Banco Master e por Bruno Ferrari, médico e fundador da Oncoclínicas em 2010, que ficaram com 19,9% e 8,4% da companhia, respectivamente.
Em 2023, por meio de uma oferta subsequente (follow-on) em Bolsa, levantou R$ 900 milhões. Ambas as operações ocorreram com a intenção de ajustar a estrutura de capital da Oncoclínicas, afetada também por adversidades que atingem o segmento de saúde, em meio à digestão de uma série de aquisições feitas visando expansão.
Empresa abriu o capital em 2021
A Oncoclínicas abriu o capital em agosto de 2021, uma das últimas empresas que conseguiu acessar o mercado antes da seca que dura até hoje. A oferta movimentou R$ 3,6 bilhões, com a ação a R$ 19,75, abaixo do piso da faixa proposta. Na sexta-feira, 7, o papel fechou cotado em R$ 5,29. Nos últimos resultados divulgados, a Oncoclínicas teve queda de 81,5% no lucro líquido nos três primeiros trimestres de 2024, para R$ 41,8 milhões. A dívida líquida financeira era de R$ 3,3 bilhões ao final de setembro.
Procurados, o Goldman Sachs não comentou e a Oncoclínicas não retornou até a publicação desta nota.
Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 07/03/2025, às 16:52.
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