EXCLUSIVO PARA ASSINANTES

Bastidores do mundo dos negócios

Inadimplência e juro alto devem elevar em 30% venda de crédito ‘podre’

Expectativa é que este mercado pode movimentar R$ 37,5 bilhões este ano, diz a Deloitte

PUBLICIDADE

Foto do author Cynthia Decloedt
Levantamento da Deloitte foi feito com 29 instituições financeiras Foto: Vadim Ben Horin/Adobe Stock

A alta prevista na inadimplência este ano e os juros elevados no País estão impulsionando estratégias de gestão das instituições financeiras com créditos vencidos e não pagos, avalia estudo realizado pela Deloitte. A expectativa é de crescimento de 30% no volume de ativos cedidos pelas instituições para venda no mercado especializado na aquisição de créditos “podres”, implicando uma potencial movimentação da ordem de R$ 37,5 bilhões neste mercado em 2025. A projeção considera pesquisa junto a 29 instituições financeiras. Mas a Deloitte estima que esse volume possa chegar a R$ 50 bilhões, considerando todos os potenciais cedentes de crédito vencido e não pago, incluindo os não consultados no estudo.

PUBLICIDADE

O aumento esperado este ano deriva da percepção de um crescente apetite dos investidores por ativos problemáticos, além das oportunidades econômicas que surgem em ambientes adversos e a busca pelas empresas de uma gestão mais eficiente de suas carteiras de crédito.

O estudo diz que embora a antecipação de caixa seja uma motivação relevante para 40% dos cedentes, mais da metade deles negociam ativos não pagos para gestão das provisões com perdas (60%) e de suas carteiras de crédito (50%), liberando recursos para centrar esforços em seus principais negócios.

Mercado adotou estratégias mais precisas

Outro ponto interessante é o amadurecimento do mercado como um todo nos últimos anos, tanto dos que cedem créditos vencidos, quanto dos que investem nesses ativos. O sócio de Financial Advisory da Deloitte, Ricardo Marin, afirma que após a consolidação do mercado de créditos não pagos no Brasil entre 2021 e 2022, em que as transações superaram R$ 50 bilhões de valor de face anuais, o mercado passou a adotar estratégias mais precisas para gestão de seus portfólios.

Ainda há bastante espaço para a negociação de ativos não essenciais, na opinião de Marin, diante dos novos desafios econômicos, regulamentares e comportamentais. A resolução 4.966 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que a partir deste ano exige maior rigor na provisão de perdas feita pelas instituições financeiras, pode impactar a dinâmica deste mercado.

Publicidade

No entanto, o estudo identificou que as opiniões entre as instituições que costumam ceder créditos vencidos estão divididas quanto ao impacto da regulação do CMN. Enquanto 53% acreditam que as novas normas provocarão uma redução inicial no volume de ativos vencidos a serem cedidos, 47% avaliam que a mudança trará ajustes apenas na seleção de créditos, permitindo até mesmo um aumento no volume transacionado.


Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 07/02/2025, às 16:17.

O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.

Para saber mais sobre o Broadcast+ e solicitar uma demonstração, acesse.