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Bastidores do mundo dos negócios

Incertezas por tarifaço afetam negócios e deixam empresas na retaguarda

Preocupação com o tema ficou clara em evento do Bradesco BBI que reuniu 158 companhias

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O 11º Brazil Investment Forum foi realizado esta semana pelo Bradesco BBI Foto: maurino borges

O vai e vem das tarifas de Donald Trump já afeta o dia a dia das empresas e o planejamento dos negócios, por conta da forte volatilidade que provocou nos mercados e o aumento da incerteza com os rumos da economia mundial. A preocupação com o tema ficou nítida em evento esta semana do Bradesco BBI, que reuniu 158 companhias em São Paulo, incluindo nomes como Embraer, Suzano, Aegea, Equatorial e Petrorecôncavo. O tema tarifa esteve presente na maior parte das apresentações.

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A Iguá pode ter seu cronograma de investimentos em novos leilões de concessão de saneamento afetado pela escalada da tensão entre os Estados Unidos e a China. O CEO da companhia, Roberto Barbuti, afirmou que o ambiente de incerteza e volatilidade joga contra nas decisões de investimentos relevantes. “Estamos em um momento em que a tomada de decisões relacionadas à alocação de capital é mais difícil e a guerra comercial pode impactar a decisão de participar em outros leilões de concessão”, disse.

As empresas estão tendo que parar para avaliar o cenário, afirma o vice-presidente do Bradesco, responsável pelo banco de atacado, Bruno Boetger. “Estamos no olho do furacão.” As tarifas têm potencial para provocar inflação nos Estados Unidos e desencadear uma desaceleração da economia americana, que pode respingar na economia mundial e afetar os lucros das empresas pelo mundo. “Ainda falta entender ganhadores e perdedores, mas os mercados emergentes são beneficiados”, disse o executivo.

Suzano vê menor espaço para reajustes

O presidente da Suzano, Beto Abreu, pondera que o atual momento de imposição das tarifas desacelera as negociações de aumento de preços de celulose que a empresa vinha fazendo nos últimos meses. “Redução de demanda traz problemas para produtores de custo mais altos. É natural que haja desaceleração de negociações de aumento de preço no curto prazo”, disse no evento. Para o executivo, a maior preocupação da companhia e de todas as indústrias é uma possível recessão. “O momento é de cautela para alocação de capital, com muitas incertezas”, afirmou.

Na Embraer, que exporta muito para os Estados Unidos, o momento também é de entender o cenário. “Estamos avaliando os impactos para a companhia”, disse o vice-presidente de finanças e relações com investidores, Antônio Garcia. Executivos do comando da empresa têm conversado também com o governo brasileiro para negociar.

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A fabricante de aeronaves também importa muitos componentes americanos para montar os aviões no Brasil, e que depois são vendidos para lá. Assim, o cálculo de uma eventual tarifa não pode ser linear. No ano passado, a American Airlines fez encomenda de 133 aeronaves E175 para a Embraer em um pedido que supera US$ 7 bilhões, um dos maiores já feitos na aviação comercial.

Há temor com cadeias de abastecimento

Para a gestora Perfin, que tem investimentos bilionários na área de infraestrutura, a maior preocupação do tarifaço se dá no fornecimento de insumos. “O que mais preocupa é como vai se comportar a cadeia de suprimentos. Vimos isso na pandemia e esse é um ponto que temos que monitorar”, afirma Ralph Rosenberg, sócio da gestora. A maior preocupação é com equipamentos com fornecedor únicos e que são produzidos nos Estados Unidos ou na China.

“O ano de 2025 exige mais cautela do que se não houvesse crise. A arma continua sendo custo baixo”, disse o CEO da Petrorecôncavo, José Firmo. Nesse ambiente, a alocação de capital da petroleira exige mais cuidado, disse o executivo. Ao mesmo tempo, disse que a atual variação nos preços do petróleo não muda os planos da companhia, já acostumada com as oscilações da commodity.

As medidas mais drásticas de Trump, que têm surpreendido pela intensidade, provocaram um choque que tem feito empresários segurarem investimentos e adiar decisões de negócios, à espera de mais clareza, avalia sócio da gestora SPX, Leonardo Linhares. “O canal que mais me preocupa é a China”, afirma, ressaltando a dependência do Brasil das exportações para o país asiático. “O Brasil não é uma ilha”, disse ele.


Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 09/04/2025, às 17:57.

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