Menos de um ano depois da criação de uma área dedicada às empresas de tecnologia, a 'nicho tech', o Itaú BBA planeja triplicar o novo negócio em três anos. A estratégia é ir além do crédito para as novatas, muitas aliás que, sem geração de lucro, nem conseguiriam ser aprovadas em modelos tradicionais de concessão de empréstimo. Assim, quer acompanhar a jornada das startups desde o nascimento até ficarem maiores e partirem para aquisições, fusões ou emissões no mercado de capital.
Atualmente, a 'nicho tech', como é chamada, tem 40 profissionais dedicados a essas companhias de tecnologia e deve encerrar o ano com 100 profissionais. A carteira de clientes chegou a 700 novatas no fim do ano passado, já está em 1,3 mil agora e o objetivo é alcançar 1,5 mil.
Dessas 1,3 mil empresas, o banco já faz discussões com 250 delas para transações estratégicas, que vão desde assessorar uma fusão até uma captação com fundos ou no mercado. Para juntar investidores, empresas e empreendedores, o banco faz nesta quinta e sexta-feiras evento tech que vai reunir 7 mil participantes.
Crédito
Somente em crédito, o Itaú BBA já concedeu R$ 5 bilhões para empresas de tecnologia, e esse número deverá subir a R$ 8 bilhões. "Nossa ideia é triplicar o tamanho da operação que temos hoje, não necessariamente em termos de carteira de crédito, mas do ponto de vista de contribuição no resultado do Itaú BBA", prevê o presidente do banco, Flavio Souza. O banco não revela de quanto é essa participação, mas, de acordo com Souza, é relevante e vai ganhar ainda mais espaço.
O interessante, segundo o executivo, é que a maior parte da receita na interlocução com as techs vem de tais operações estratégicas e não de empréstimos. Para capitalizar as empresas, o Itaú BBA criou uma modalidade de crédito que batizou de 'venture debt', dando acesso a capital para as techs que estão em estágio anterior às primeiras rodadas de investimento.
"Financiamos as empresas que estão em crescimento para que busquem um investidor quando estiverem em outro patamar de desenvolvimento do negócio", conta. Para uma empresa pequena, receber investidores de fora, como de um fundo, pode levar muitas vezes a perda do controle do negócio, o que nem todas desejam. O Itaú BBA já concedeu essa linha para seis empresas de um grupo de 35 analisadas.
O executivo afirma que o banco percebeu que não poderia atender esse público sem se dedicar especificamente a ele. "Às vezes, a companhia está falando de um produto básico, como um cartão, e ao mesmo tempo buscando uma rodada de captação até com investidor estrangeiro", conta.
Ao mesmo tempo, como normalmente são companhias nascentes, e que ainda não dão lucro, não é possível oferecer uma mesma modelagem de crédito concedido a uma companhia tradicional. "Percebemos a necessidade de organizar uma proposta de valor específica para as empresas de tecnologia e aprendemos que o ciclo de vida dessas companhias tem um comportamento mais particular do que de outros setores", acrescenta Souza.
O executivo avalia que as empresas de tecnologia no Brasil e na América Latina têm espaço ainda a ocupar no Produto Interno Bruto (PIB), comparativamente a países onde o ciclo de crescimento do setor tech está mais evoluído. "Temos uma oportunidade e um processo de transformação digital que vai acontecer por muitos anos", afirma. Na América Latina, por exemplo, o porcentual de participação do setor no PIB está em torno de 3,5% e no Brasil, 4,5%. Na Índia, o porcentual sobe para 14% e na China para 30%.
Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 06/04/22, às 18h01.
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