
O ano de 2025 começou agitado no mercado de fusões e aquisições (M&A). A empresa de auditoria e consultoria PwC Brasil mapeou 99 negócios só em janeiro, um crescimento de 16% em relação ao mesmo mês de 2024. Na grande maioria deles (80%) foram de empresas brasileiras comprando outras companhias. Para este ano, a perspectiva da PwC é de que o número de negócios supere os realizados em 2023, com expansão de 10% a 20%. Por receber informações de muitas das transações antes de elas serem anunciadas, a PwC pode ser considerada um termômetro de operações que podem ser fechadas pela frente.
Várias das transações no Brasil e no mundo estão sendo estimuladas por um rearranjo geopolítico global, no qual as políticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, têm afetado não só o mercado chinês, mas de outros países, como o Canadá e México. O ambiente de transformação está fazendo com que empresas reavaliem seus planos, diz o sócio da PwC, Leonardo Dell’Oso.
No quebra-cabeça comercial, o Japão tem procurado fazer mais investimentos em outras regiões, como América Latina, Europa e Estados Unidos, buscando outras cadeias de suprimentos que não a chinesa. O executivo da PwC conta que durante evento recente em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, representantes do país asiático comentaram haver interesse do governo japonês em fontes alternativas de abastecimento. Na filial brasileira da PwC, já há pedidos de empresas japonesas para análises de aquisições no País. Na semana passada, o Japão anunciou um fundo de US$ 1 bilhão com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para a América Latina.
Fluxo estrangeiro ao País está limitado
Apesar de o Brasil estar em vantagem neste contexto comercial em relação a outros países, o fluxo de operações de M&A de estrangeiros para o País é limitado por fatores como complexidade tributária, economia crescendo pouco e taxa de juros muito elevada, que dificulta não só planos de investimentos, mas também o financiamento de uma aquisição. Um dos maiores negócios do ano, a compra da Suvinil pela americana Sherwin-Williams por US$ 1 bilhão, pode ter sido um ponto fora da curva, na avaliação de Dell’Oso.
A participação dos estrangeiros vêm diminuindo desde 2015. Até agora em 2025 é de 20% dos negócios, em linha com o ano passado, que teve um total de 1.341 operações. Em 2015, eles responderam por 49% das M&As, fatia que foi caindo ano a ano até o piso de 17% em 2021. Para Dell’Oso, essa parcela pode crescer um pouco este ano, levando em conta as sondagens recentes de empresas estrangeiras que chegam na PwC, mas não deve chegar a níveis do passado, ou seja, a tendência é ficar entre 23% a 25%.
Tecnologia é destaque
O setor de tecnologia é o que tem dominado as operações de M&As neste começo de 2025, responsável por 34% das transações. Em seguida aparecem instituições financeiras (bancos, gestoras, meios de pagamentos), consumo e varejo, energia e agronegócios - este último com destaque para atividades ligadas à transição energética, como produção de biodiesel de milho.
Muitos negócios não estão saindo por conta da queda dos valores das empresas, o que intimida vendedores. Por outro lado, os vendedores sentem dificuldade em chegar a um número, já que um dos fatores que se leva em conta para definir quanto uma empresa vale é a economia de um país. Se a perspectiva para os próximos anos não é tão boa, a tendência é que a avaliação da empresa seja menor, porque vai se projetar crescimento mais modesto no futuro, explica Dell’Oso.
“O cenário é híbrido hoje, com problemas para resolver na economia, a questão tributária ainda muito indefinida, e tendência de crescimento de 2%, 3%.”, ressalta o executivo, destacando que os múltiplos das empresas são menores do que eram antes da pandemia ou mesmo no pós-pandemia, em 2022.
Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 03/03/2025, às 14:07.
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