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Mover tenta acordo com Bradesco por ações da CCR; banco vê proposta indecente

A empresa entrou em recuperação judicial em dezembro, junto com a Intercement

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As ações da CCR que a Mover deu em garantia ao Bradesco são avaliadas em R$ 2,9 bilhões Foto: Daniel Teixeira/Estadão - 14/12/2022

Nova York e São Paulo - A Mover (ex-Camargo Correa), em recuperação judicial desde dezembro, tem procurado o Bradesco nas últimas semanas para fechar um acordo e reaver as ações que deu em garantia da CCR, apurou a Coluna. Duas tentativas já foram feitas, mas, ao menos até aqui, sem sucesso. Em uma delas, a empresa sugeriu pagar parte da dívida ao banco e posicioná-lo em uma posição diferenciada no processo de recuperação judicial para receber os passivos. No Bradesco, a tentativa de acordo foi vista como uma “proposta indecente” diante do “pepino” a ser resolvido, de acordo com interlocutores, que concordaram em falar na condição de anonimato.

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Uma “proposta decente” seria a Mover pagar a maior parte de sua dívida e deixar o banco em uma posição diferenciada na recuperação judicial, mantendo as ações da CCR como garantia para a diferença da dívida, com gatilho mais curto, dizem as fontes. A empresa entrou em recuperação judicial junto com a fabricante de cimentos Intercement, que é controlada pelo grupo e é a segunda maior do Brasil, com dívidas de R$ 14 bilhões. Só com o Bradesco, o passivo é de R$ 3,1 bilhões.

O Bradesco BBI tem 281,6 milhões de ações da CCR que a Mover deu em garantia para tomar empréstimos. Isso representa 14% do capital da CCR. Como a Mover está inadimplente, o banco alega que pode assumir esses papéis e já notificou a empresa, que não gostou nada da estratégia, alegando que ela “não pode ser implementada”.

Instituição pode se tornar 2ª maior acionista

Se for adiante, o Bradesco pode se tornar o segundo maior acionista da CCR, ao lado de nomes como a Itaúsa e a Votorantim. Mas a ideia não é ficar com as ações, que são avaliadas em R$ 2,9 bilhões, mas vendê-las, o que poderia alterar a configuração societária do grupo, que é dono de concessões das principais estradas do Brasil, como as rodovias Dutra e Bandeirantes, além de grandes aeroportos, trens e metrôs.

A Mover entrou com um pedido de liminar para tentar impedir a transferência das ações da CCR para o Bradesco, que reagiu. O Itaú é o banco custodiante dos papéis, e também já foi notificado. Para uma fonte, é uma questão de tempo, e o trâmite na Justiça só arrasta o imbróglio como ocorreu no caso da Novonor (ex-Odebrecht) em relação às ações da Braskem. Os bancos credores acabaram virando acionistas da empresa, em uma participação que eles vêm tentando vender há anos, sem sucesso.

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Procurados, o Bradesco e a Mover não se manifestaram sobre o assunto.


Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 17/01/2025, às 14:47.

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