
Em plena pandemia, um grupo de famílias endinheiradas resolveu se juntar para tentar evitar demissões em micro e pequenas empresas, que enfrentavam a situação crítica do lockdown. Criaram a Estímulo, uma associação sem fins lucrativos que recebeu aportes de nomes como Abilio Diniz, Eduardo Mufarej e Luciano Huck. No total, cerca de 50 famílias doaram o equivalente a R$ 60 milhões para criar um fundo que fizesse pequenos empréstimos a empreendimentos que faturavam entre R$ 10 mil e R$ 400 mil por mês - e são responsáveis por 70% das vagas de empregos oferecidas no País.
Para facilitar os desembolsos, os juros eram baixos, sem a exigência de garantias das empresas. “Estruturamos o negócio com a perspectiva de que não reaveríamos metade do valor emprestado”, diz Vinicius Poit, CEO da Estímulo. Porém, não só o dinheiro foi devolvido, como a inadimplência, de 3%, foi zerada 2,5 anos após os empréstimos.
Fundo de impacto
“Em vez de reembolsar o dinheiro, os fundadores resolveram abrir mão dos valores porque perceberam que tinham ali um fundo de impacto, que faz diferença na vida das pessoas”, afirma. Com a decisão, aqueles R$ 60 milhões se transformaram em R$ 300 milhões em empréstimos, num período de cinco anos. Quase 4,7 mil CNPJs de 724 cidades pegaram, em média, R$ 60 mil emprestados.
De lá para cá, a Estímulo conseguiu consolidar uma estrutura para tentar permitir a perenidade de seu modelo de negócios. “A ideia é acudir o empreendedor em situações de emergência climática, vulnerabilidade ou quando esteja completamente desassistido”, diz Poit.
O modelo passou a ser o de blended finance, quando se juntam recursos públicos, privados e filantrópicos. No caso, foram criadas cotas seniores, com as quais investidores aportam quantias a serem resgatadas após três anos. Fizeram parte do projeto empresas como Banco Inter, Localiza, Fundação Arymax (da família Feffer), entre outros. É esse colchão que dá garantia em caso de inadimplência.
Investimento é de três anos
É um investimento de três anos, sem liquidez, que paga 0,5% acima do CDI. Um FIDC (fundo de investimento em direito creditório) de mercado rende geralmente 3% além do CDI. “A diferença que o investidor abre mão, ele recebe como impacto social mensurável e auditado em diferentes métricas”, afirma.
Hoje, além do Estímulo Brasil, fundo criado na pandemia e atualmente com R$ 100 milhões sob gestão, a associação tem também o Estímulo Retomada RS, para ajudar pequenas e microempresas gaúchas, em dificuldade por conta das enchentes que devastaram o Estado no ano passado. Com R$ 40 milhões, ele contou com o apoio de Itaú, Banrisul, Gerdau, Tramontina e outros.
Além dos juros mais baixos, a Estímulo oferece aulas de gestão financeira, contabilidade, marketing digital e vendas para os empreendedores. No Estímulo Brasil, a taxa mensal varia de 1,49% a 2,99%, com carência de dois meses para o início dos pagamentos, que tem parcelas fixas em até 24 vezes. Já o Estímulo RS cobra menos de 1%, tem carência de até sete meses e é pago em até três anos. Os empréstimos são feitos via site estimulo2020.org.
Andréia Campos, de Cuiabá, é uma das clientes da Estímulo. Tomou um empréstimo de R$ 100 mil para criar uma imobiliária e, posteriormente, outros R$ 95 mil para lançar uma lavanderia de autoatendimento. Comprou equipamentos, aumentou a equipe de seis para dez funcionários e tem conseguido pagar ambos os empréstimos.
Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 12/02/2025, às 11:40.
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