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Venda da Credz para a DM tem impasse após decisões de bancos credores

BV e Credit Suisse divergem. Empresa deve R$ 3,5 bilhões

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Por Altamiro Silva Junior e Cynthia Decloedt
3 min de leitura
Companhia faz cartões para lojas e foi afetada pelos problemas do varejo este ano, como juros altos e vendas em baixa Foto: Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo

Com dívida na casa dos R$ 3,5 bilhões e necessidade de uma solução de curto prazo, a Credz depara-se com um novo impasse envolvendo a sua venda para a rival DM. Os bancos BV e Credit Suisse, dois dos principais credores da administradora de cartões da família Zogbi, tomaram decisões diferentes sobre os direitos que têm a receber.

O BV decidiu dar prazo maior para a companhia tentar pagar o que deve, enquanto os suíços resolveram executar as dívidas na Justiça.

A venda para a DM, que apresentou uma proposta vinculante em outubro, é vista como a solução mais fácil para a crise da Credz, que faz cartões para lojas, e foi afetada pelos problemas que afligiram o varejo este ano, como juros altos e vendas em baixa.

Preocupação começou após calote de R$ 82 milhões

Em setembro, a Credz deixou de pagar R$ 82 milhões ao BV e desencadeou burburinhos sobre a empresa.

Por ser uma instituição de pagamento, um pedido de recuperação judicial ou uma intervenção do Banco Central seriam bem mais complicados do que a venda.

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Por isso, o BV aposta nessa saída. Debenturistas e investidores dos fundos de recebíveis também são favoráveis à venda.

Credit Suisse decidiu não dar prazo adicional

O BV havia entrado na quinta-feira, 09, com um pedido de execução extrajudicial de penhora de bens e aplicações financeiras, mas na sexta-feira resolveu dar novo prazo para um acordo, até o dia 17, apurou a Coluna.

Já o Credit Suisse, agora controlado pelo UBS, que já havia aceitado fazer duas prorrogações, não vai dar prazo adicional e resolveu executar a dívida.

A situação pode se complicar, porque detentores de títulos de dívida (debêntures) da Credz aprovaram em várias assembleias ao longo da semana a não decretação de vencimento antecipado de seus papéis, mas desde que BV e Credit não executem suas dívidas. Com a decisão do Credit, pode ser preciso nova rodada de reuniões.

Na quarta-feira, 08, o BV havia dado a Credz prazo até a próxima terça-feira, 14, para sinalização de um acordo de venda, desde que outras execuções fossem suspensas. Mas sem a notícia de que uma solicitação de execução do CS tivesse sido suspensa, o BV entrou com pedido de penhora um dia depois. A Coluna apurou que o BV voltou atrás para favorecer um acordo de venda da Credz.

Se negócio sair, DM será a nova líder do setor

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Se levar a Credz, a DM vai se transformar na maior administradora independente de cartões do Brasil, com mais de 3,5 milhões de plásticos de lojas. A DM faria um aporte na casa dos R$ 300 milhões na Credz e a Visa e os sócios da Credz também entrariam com recursos, segundo uma fonte. Já os credores, em troca do perdão de parcela das dívidas, teriam uma participação de 25% no lucro da DM por 10 anos.

Procurada, Credz disse que o BV “se dispôs, na data de hoje (sexta-feira), a oferecer uma nova suspensão da execução, visando apoiar a operação de M&A (aquisição) em curso”. A empresa acrescentou que “entende que o BV também está realizando os melhores esforços para aprovar a sua adesão ao MOU (memorando de entendimentos) da operação”.

DM, UBS e BV não se pronunciaram.


Este texto foi publicado no Broadcast no dia 10/11/23, às 19h49

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