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Com anúncio do Fed, Bolsa sobe 1,67% e dólar cai 1,84%

Ibovespa teve melhor resultado de fechamento desde 15 de junho, enquanto o dólar emendou a terceira queda consecutiva no mercado doméstico

Por Luis Eduardo Leal e Antonio Perez

São Paulo - Os comentários do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, foram a cereja do bolo de um dia no qual os mercados mostravam disposição para o risco desde a manhã desta quarta-feira, 27, especialmente em Nova York, com a expectativa de que o tom do BC americano se suavizasse ante os recentes sinais de desaceleração da atividade na maior economia do globo.

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Durante as observações de Powell, o Nasdaq, que concentra ações de “crescimento”, muito sensíveis às condições monetárias, retomou os 12 mil pontos, em alta de 4%, mantida no fechamento. Com o feliz desfecho da reunião, o Ibovespa subiu 1,67%, aos 101.437,96 pontos. Contudo, o giro financeiro ainda decepciona, limitado a R$ 18,8 bilhões nesta quarta-feira de Fed. Na semana, a referência da B3 sobe agora 2,54% e, no mês, 2,94%, limitando a perda do ano a 3,23%.

A marca de encerramento, hoje, foi a maior desde 15 de junho, então aos 102.806,82 pontos, o dia anterior à correção que o levaria, em um primeiro momento, aos 99,8 mil e nas semanas seguintes a mínimas inferiores, até os 96 mil pontos (ou 95 mil no intradia), nos menores patamares desde o começo de novembro de 2020.

Com a alta de 1,67%, nesta quarta, 27, aos 101.437,96 pontos, o Ibovespa teve a melhor marca de encerramento desde 15 de junho Foto: Werther Santana/Estadão

Na aguardada entrevista coletiva desta tarde, o presidente do Fed disse que o ritmo de aperto de juros “provavelmente” será moderado, daqui para frente. A suavização da atividade, mencionada pelo Fed no comunicado, já vinha contribuindo para a animação dos mercados, na expectativa por indicações mais “dovish” do que as dos últimos meses, de restrição acelerada das condições de liquidez pelo BC americano ante a resiliente inflação. Apesar da renovação, hoje, do compromisso de conter a elevação dos preços, Powell observou que o Fed já atingiu o nível de juros que a instituição considera “neutro” - ou seja, nem estimulativo nem restritivo à atividade econômica.

“O BC americano seguiu o que o mercado estava esperando e o Powell trouxe observações relevantes, especialmente sobre a moderação do ritmo de alta dos juros. Ele mencionou que os dados de consumo desaceleraram significativamente, embora as condições do mercado de trabalho continuem apertadas, a pleno emprego. Para setembro, deve vir 75 pontos-base de aumento (na taxa de referência). Os juros americanos recuaram, nos vencimentos de 2 e 10 anos, e mesmo ativos como bitcoin tiveram valorização”, diz Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos, chamando atenção também para o fechamento na curva de juros brasileira.”

Com a moderação de tom do BC americano, as ações de maior liquidez e peso no Ibovespa se alinharam em alta, após a indecisão, falta de sinal único, vista mais cedo na sessão. No fechamento, Petrobras ON e PN subiram, respectivamente, 0,65% e 1,10%, Vale ON, 0,23%, e os ganhos entre os grandes bancos chegaram a 0,65% (BB ON), à exceção de Santander (-0,46%).

Na ponta do Ibovespa, a forte queda do dólar na sessão, de 1,84%, a R$ 5,2509 no encerramento, deu impulso extra às ações da Gol (+10,93%), à frente de Pão de Açúcar (+8,37%) e de Carrefour Brasil (+7,28%). No lado oposto, Telefônica Brasil (-3,21%), TIM (-1,59%) e Santander (-0,46%).

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Dólar

Os sinais do presidente do Federal Reserve de que o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos talvez não vá muito longe deflagraram um rali dos ativos de risco na tarde desta quarta-feira. Com ganhos firmes das bolsas em Nova York e tombo da moeda americana tanto em relação a divisas fortes quanto emergentes, investidores trataram de acelerar o desmonte de posições defensivas no mercado doméstico de câmbio.

Já em queda antes do comunicado da decisão do Fed e da entrevista coletiva de Powell, o dólar aumentou o ritmo e renovou sucessivas mínimas nas últimas horas de negócios e, no fim da sessão, recuou 1,84%, cotada a R$ 5,2509 - menor valor de fechamento desde 30 de junho (R$ 5,2348). O real, que costuma apanhar mais que seus pares em episódios de aversão ao risco, hoje liderou com folga os ganhos frente ao dólar entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities.

Foi o terceiro pregão seguido de baixa do dólar no mercado doméstico, que agora acumula perdas de 4,51% na semana. A valorização em julho, que chegou a superar 5% no fim da semana passada, passou a ser de apenas 0,31%. Operadores notam que já estava em curso no últimos dias uma redução de posições defensivas no mercado futuro de câmbio, dada a proximidade da formação da última Ptax de julho (dia 29) e a rolagem dos contratos que vencem em agosto.

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