LONDRES - Em meio à difícil situação econômica do Brasil, o consumo de petróleo caiu no País e o fenômeno foi destacado no relatório mensal da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Em fevereiro, o Brasil consumiu média de 2,34 milhões de barris por dia, volume 7% menor que o registrado em igual mês do ano passado. O aumento da gasolina e a greve dos caminhoneiros influenciaram negativamente.
O consumo de combustíveis registrado no mês passado foi o menor desde março de 2014, diz a entidade que representa o cartel dos exportadores de petróleo. Ao todo, o País usou 170 mil barris diários de petróleo a menos que um ano antes.

Brasileiros compraram 9% menos gasolina em fevereiro ante 2014 Foto: Marcelo Sayão/EFE
Segundo a Opep, brasileiros compraram 9% menos gasolina em fevereiro na comparação com o ano anterior. Isso representa queda de 73 mil barris por dia. "A redução da demanda por gasolina pode ser atribuída ao anúncio do governo brasileiro de aumento dos impostos sobre o consumo que começou a vigorar no início de fevereiro de 2015", diz o relatório da Opep.
Com o aumento das alíquotas de impostos e contribuições pagas pelo comprador dos combustíveis, o litro da gasolina ficou cerca de 7% mais caro no Brasil a despeito da queda dos preços internacionais do petróleo. "Isso reduziu o consumo", diz a Opep.
A demanda por diesel também caiu. Na média, o País consumiu 140 mil barris por dia a menos que um ano antes. Isso representou queda de 13% nos volumes. "A demanda por diesel também caiu com a greve dos motoristas de caminhão que convocaram paralisação para se opor ao aumento do custo dos combustíveis", diz a Opep. "Isso resultou na queda do movimento dos caminhões e desaceleração dos negócios e também da atividade agrícola no interior".
Futuro. Para a Opep, as perspectivas para o consumo de petróleo no Brasil não é das mais otimistas diante da economia fraca e com a manutenção dos preços mais elevados dos combustíveis. "Há previsão de que a atividade econômica no Brasil será mais fraca que em 2014 e o aumento dos impostos sobre a gasolina deve reduzir o consumo", diz a entidade.
Apesar desse cenário menos otimista para o consumidor final, a entidade ressalta que as perspectivas para a demanda para geração elétrica pode surpreender. "Com o preço do petróleo baixo e com a expectativa de um verão mais quente que a média, a demanda para geração poderá permanecer elevada", diz a Opep.
O volume da produção brasileira de petróleo não deve mudar substancialmente até o fim do ano. Em relatório mensal a Opep prevê que o País terá produção média de 3,1 milhões de barris em 2015. O volume é idêntico ao registrado no primeiro trimestre deste ano. O número também é igual ao registrado nos últimos três meses de 2014. Para o segundo trimestre de 2015, a previsão é de ligeira acomodação para 3 milhões de barris por dia. Nos três meses seguintes, o volume deverá retornar aos 3,1 milhões de barris e voltará a desacelerar para 3 milhões no quarto trimestre do ano. Com isso, a média do ano deverá ser de 3,1 milhões de barris.