Bastidores: Tânia Monteiro /Renata VeríssimoA proximidade das agências de classificação de risco com os grandes conglomerados financeiros e a questionável participação desses organismos na crise financeira de 2008 e 2009 levaram o governo brasileiro a comemorar de forma discreta, ontem, a elevação da nota de crédito do País pela Standard & Poor's. A melhora da classificação de risco do País em meio a um cenário econômico mundial conturbado foi o que mais agradou o governo. A presidente Dilma Rousseff ficou "muito satisfeita", de acordo com relatos de auxiliares, exatamente porque a decisão veio num momento em que as perspectivas para a economia global são negativas. A mesma avaliação foi feita pelo Ministério da Fazenda. "Em um momento delicado da economia internacional, é um reconhecimento de que a política econômica encontra-se na direção correta e de que são sólidos os fundamentos macroeconômicos do País", afirmou a Fazenda, em nota . O secretário executivo da pasta, Nelson Barbosa, destacou que a decisão reflete a qualidade da política econômica brasileira, que, segundo ele, "é capaz de promover crescimento econômico, com distribuição de renda, e suportar choques que, eventualmente, vêm do resto do mundo". O governo evitou, entretanto, fazer uma comemoração extensiva sobre a decisão. A própria presidente Dilma Rousseff já havia criticado abertamente a Standard & Poor's, quando a agência rebaixou a nota dos Estados Unidos. "Não compartilhamos com a avaliação precipitada, e um tanto rápida e, eu diria assim, não correta da agência que diminuiu o grau de valorização de crédito dos Estados Unidos, a Standard & Poor's", disse Dilma no início de agosto, no Planalto, ao lado do primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper. A imagem das agências de rating ficou bem arranhada depois da crise de 2008 e 2009. Boa parte das empresas e bancos americanos que quebraram tinham, na época, a melhor classificação de risco possível e as agências demoraram a reconhecer os problemas.
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