Apesar da contínua deterioração das expectativas de inflação para 2011, a comunicação do Banco Central indica que a Selic ficará estável em 11,75% na reunião do Copom neste mês, na opinião do economista-chefe do Banco Santander, Maurício Molan. Entre o terceiro e o quarto trimestres, no entanto, deve ficar mais claro que a inflação não vai convergir tão facilmente para a meta em 2012. Então, a Selic deve ter elevação e encerrar o ano em 13%.
Em entrevista ao AE Broadcast Ao Vivo, durante visita à Agência Estado, Molan ponderou que, a partir das leituras dos documentos do BC, entende-se que há visão do colegiado de que a inflação convergirá para a meta em 2012 se o real ficar estável em torno do patamar de R$ 1,65. Mas, depois do terceiro trimestre, enfatiza ele, o BC deve perceber que esta estratégia não estará funcionando, deve ficar mais evidente a dificuldade na trajetória de convergência, quando o juro, então, deve voltar a subir.
Molan projeta IPCA em 6,1% neste ano. O analista vê probabilidade de o índice superar o teto da meta de inflação de 6,5% em meados do ano e "risco substancial" de voltar a ficar acima deste nível ao final de 2011. É importante citar que esta projeção não incorpora um reajuste nos preços da gasolina. Se houvesse um reajuste, então, aumentaria a probabilidade de o IPCA romper o teto da meta ao fim do ano.
Para 2012, a expectativa é de que o IPCA fique em 6%. "A política tem sido implementada para manter o crescimento econômico perto do potencial, entre 4% e 4,5%. Uma taxa que deve manter a inflação estável", observa ele. Molan espera que sejam implementadas mais medidas macroprudenciais neste e no próximo ano.
Na arena fiscal, prossegue o economista-chefe do Santander, é perceptível que o corte de R$ 50 bilhões anunciado para o Orçamento deste ano não está provocando redução significativa no ritmo de crescimento das despesas. Mais ainda, disse ele, o corte ocorre ante um número já inflado do Orçamento e se realizará ao longo do ano. "Não vai ser esse o fator de ancoragem das expectativas de inflação", afirmou.
Molan avalia que a deterioração das expectativas de inflação ocorre, em grande medida, pelos números da inflação corrente. Esta, em parte, tem sido alimentada por preços elevados de commodities. Ele acrescenta ainda que a demanda continua muito forte e que a confiança do consumidor está nas máximas históricas.