Há uma crescente opinião na comunidade internacional de que nada deveria ser feito para ajudar o Brasil. A afirmação consta de um artigo do professor da Universidade da Califórnia (EUA), Sebastian Edwards, ex-economista-chefe do Banco Mundial para América Latina entre 1993 e 1996, publicado hoje pelo jornal britânico Financial Times. "Alguns têm mencionado a famosa piada de Rudiger Dornbusch em 1998: ´Quando o Brasil chama 1-800 BAIL OUT (resgatar), deixe o telefone tocar, não atenda. É uma boa tirada mas está desatualizada", disse o economista. Ele disse que o Brasil precisa imediatamente de um novo programa com o FMI que vá além das eleições de outubro, se possível até 2004. Segundo Edwards, esse programa deveria conter várias garantias macroeconômicas, mas sem sobrecarregar o governo com excessivas condicionalidades. "Ele deveria incluir novos fundos suficientes para deixar o mercado confortável e considerar a retomada do crescimento como objetivo prioritário." Ele sugere que negociação de um acordo do Brasil com o Fundo Monetário Internacional (FMI) poderia intermediada pelo presidente do Chile, Ricardo Lagos. O economista salienta que um programa do FMI válido por vários anos para o Brasil deveria acarretar em ajuda financeira entre US$ 16 bilhões e US$ 18 bilhões. "Isso colocaria o pacote brasileiro cerca de 800% acima de sua cota com o FMI, um pouco mais do que a ajuda à Coréia do Sul no final da década de 90 e cerca da metade do que a Turquia recebeu recentemente", afirma. Segundo Edwards, o colapso brasileiro certamente arrastaria toda a América Latina. "Isso não é hora de brincar de política ou tentar novas estratégias para prevenção de crises. Ainda há tempo para se evitar o pior."