A população de baixa renda teve uma participação preponderante na alta da demanda por crédito em novembro. Dados divulgados ontem pelo Indicador Serasa Experian da Demanda do Consumidor por Crédito mostraram que a procura por financiamentos bateu recorde de alta - 6,2% em comparação a outubro. Foi o maior crescimento da série histórica, iniciada em janeiro de 2007.A maior pressão foi da população com renda individual de até R$ 500. No mês passado, a demanda por crédito entre esses consumidores cresceu 8,6%. No acumulado do ano, a procura por crédito na baixa renda teve uma alta de 43,9%. Na média entre todas as faixas de renda, o aumento acumulado até novembro foi de 16,1%.Segundo Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa Experian, os dados mostram que esses consumidores não vão usar a primeira parcela do 13º salário, paga pelas empresas em 30 de novembro, apenas para acertar as contas, mas para continuar a se endividar. "Ainda não dá para saber até que ponto vai se situar essa relação entre demanda por crédito e pagamento das dívidas, mas é o que vai definir o rumo da inadimplência em 2011", explica o economista.Almeida acha improvável que no curto prazo o consumidor se assuste com a alta dos juros - resultado do aumento do porcentual dos depósitos compulsórios pelos bancos, anunciado pelo governo na semana passada. "O consumidor não dá importância para os juros que paga, mas para o tamanho da prestação", observa.Alta renda. De janeiro a outubro, a faixa que ganha acima de R$ 10 mil por mês foi a terceira que mais demandou por crédito (25,8% no acumulado), atrás da faixa entre R$ 4 mil e R$ 10 mil (27,1%).