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Consumo das famílias puxa PIB, mas perde fôlego

Corte de 0,4% nos investimentos do setor público deixaram ‘missão’ de investir para o setor privado, que registrou alta de 2,2%

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RIO - Os gastos das famílias brasileiras permaneceram como o principal motor da economia do País no ano passado. O consumo cresceu 1,8%, ajudado pela expansão do crédito e pela liberação de saques do FGTS, informou o IBGE

Consumo das famílias brasileiras foi o principal motor da economia em 2019 Foto: Nilton Fukuda/ Estadão

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Apesar dos recursos extraordinários e da redução dos juros à mínima histórica, o gasto das famílias perdeu fôlego. O crescimento do consumo encerrou o ano abaixo do registrado em 2018. Ao mesmo tempo, o governo gastou menos, contribuindo para diminuir a alta do PIB de 2019. O consumo governamental encolheu 0,4% ante 2018.

De acordo com o Ministério da Economia, o investimento público teve retração superior a 5%, indicando que o “PIB do setor público” caiu mais de 1%. O resultado do PIB saiu na quarta-feira, 4, com 1,1% de crescimento em 2019.  

A alta de 2,2% nos investimentos em 2019 se deu graças ao setor privado. Houve melhora na construção, mas no segmento de reformas em empreendimentos imobiliários, enquanto a parte de infraestrutura ainda não mostra reação.

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Para Gustavo Arruda, economista-chefe do banco BNP Paribas, há uma mudança no modelo econômico do País. Durante décadas, a economia brasileira teve o setor público, via gastos dos governos ou expansão de bancos públicos e empresas estatais, como locomotiva do crescimento. Segundo o economista, como era insustentável, esse modelo está sendo substituído por outro, com crescimento puxado via setor privado.

“O que as pessoas não estavam esperando é que essa mudança não é de uma hora para outra”, afirmou Arruda, acrescentando que, além de demorada, a transição de modelo econômico também beneficia determinados setores e regiões, em detrimento de outros. Estudo do BNP Paribas sugere que, em regiões do País com menor peso do setor público, como em São Paulo e nas Regiões Sul e Centro-Oeste, a economia já está crescendo na casa de 2,5% ao ano.

Arruda acredita que, se, por um lado, a transição entre os modelos leva a um menor crescimento econômico no curto prazo, no longo prazo, a economia deverá se sair melhor.

Sob a ótica da oferta, os serviços cresceram 1,3% em 2019, enquanto a indústria avançou apenas 0,5%, prejudicada por uma estagnação da indústria de transformação e pelas perdas nas indústrias extrativas, decorrentes do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG). A safra recorde de grãos e o bom desempenho da pecuária elevaram o desempenho do PIB agropecuário.

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Quarto trimestre 

No fim do ano, houve alguma frustração com o ritmo de recuperação. O PIB cresceu 0,5% no quarto trimestre em relação ao terceiro trimestre de 2019, mas, a despeito das liberações de saques do FGTS, o comércio ficou estagnado. Os investimentos despencaram 3,3%, puxados pelo mau desempenho da construção.

O início de 2020 não deve trazer alívio. Segundo o IBGE, os resultados do PIB do primeiro trimestre deste ano mostrarão os impactos do surto de coronavírus sobre a economia. As estimativas do mercado financeiro apontam agora para um crescimento de 0,2% na comparação com o quarto trimestre de 2019, segundo pesquisa de ontem do Projeções Broadcast.

“Vai ter impacto em tudo, provavelmente vai afetar o comércio exterior e também a produção nacional”, disse Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

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Assim, a atividade econômica deverá retornar ao nível anterior à recessão de 2014 a 2016 apenas na primeira metade de 2021, previu Fabio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em meio ao surto do coronavírus e da desaceleração do ritmo de crescimento da economia mundial, a CNC reduziu sua projeção para o PIB de 2020, de uma alta de 2,3% para elevação de 2,1%.